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Afropunk: cena musical baiana representa o Brasil no festival; saiba como foi

26 de outubro de 2020

Edição online e brasileira do evento aconteceu no fim de semana e reuniu nomes como Attooxxa, Majur, Carlinhos brown e Hiran; curadoria foi feita pela cantora Larissa Luz

Texto: Victor Lacerda | Edição: Nataly Simões | Imagem: Reprodução

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Com quinze anos de edições marcantes para a cultura negra mundial, o Festival Afropunk chegou ao Brasil pela primeira vez, em edição online, no último final de semana. Foram três dias (23, 24 e 25) de música, estilo e rodas de conversa. Tudo isso representa bem a proposta afrofuturista do festival, que escolheu Salvador como sua sede brasileira, berço de novos nomes da música nacional, e trouxe como tema central “O povo negro é o passado, o presente e o futuro”.

Intitulado “Planet Afropunk”, a edição do evento reuniu o melhor das culturas negras do mundo, com programação de Nova Iorque, Atlanta, Paris, Londres e Joanesburgo. O festival, que aconteceria presencialmente na capital baiana, nos dias 28 e 29 de novembro, acabou por ser online devido à pandemia da COVID-19. Com acesso gratuito, através de uma plataforma própria, qualquer pessoa pôde acessar a programação nacional e internacional.

A apresentação das atrações musicais ficou por conta da modelo, empresária e digital influencer baiana Loo Nascimento, ou Neyzona, como é conhecida nas redes sociais. Nos intervalos, Loo aparecia em diferentes pontos turísticos e não turísticos de Salvador, trazendo a beleza estética e cultural da cidade e apresentando os artistas conterrâneos que viriam a seguir.

Com curadoria da artista baiana Larissa Luz, a programação mostrou a força da diversidade e representatividade da música baiana e negra. Em seu primeiro dia, o festival contou com o grupo Afrocidade, atento aos movimentos de rua e que trabalha em cima dos elementos do som da percussão. A cantora Majur, que trouxe o single “Africaniei”; a cantora revelação da Bahia, Nêssa; o rapper Yan Cloud; e o músico Mahal Pita abrilhantaram ainda mais a primeira noite do evento.

Destaque para o coletivo “Afrobapho”, grupo LGBTQIA+ e negro que traz o afrofuturismo no movimento da dança e utiliza de cenário locais que fazem parte do cotidiano perférico e popular da cidade de Salvador, como a conhecida Feira de São Joaquim, em seus trabalhos. O grupo disponibiliza suas produções audiovisuais através das redes sociais e também integrou a programação no primeiro dia de festival.

No segundo dia, teve mana no rap. É assim que o cantor baiano, Hiran, se autodeclara musicalmente. O rapper pisou na lua com uma projeção no chão de seu palco que simulava a chegada do cantor no universo. O show de Hiran foi resultado de uma parceria com a banda Attooxxa, grande nome da música baiana que ficou conhecida pelas suas parcerias com artistas como Psirico, Anitta e Cardi B. O grupo levou o melhor do pagodão baiano com beats eletrônicos e uma guitarra baiana inconfundível.

A festa seguiu com a apresentação de Larissa Luz. A cantora levou ao palco a força do orixá Iansã em um espetáculo que apresentou ao mundo o seu terceiro álbum de estúdio. O “Trovão”, como é chamado, foi quase todo cantado na apresentação do festival. Produzido musicalmente por Rafa Dias, que integra o Attooxxa, o disco pôde ganhar uma versão visual que inovou ao trazer elementos de luz e som que contribuíram para a estética afrofuturista na religião e ancestralidade. Carlinhos Brown também participou da apresentação e cantou a música “A Namorada” em novo arranjo mais metalizado em parceria com Larissa.

A noite finalizou com as apresentações de Trapfunk & Alívio, coletivo que mistura pagode baiano com 150bpm, o rapper Vírus e o Duo Bavi – Berimbau Aparelhado Violão Inventável, projeto dos músicos Anderson Petti e João Almy, que reúne berimbau, violão e aparelhagem eletrônica em um som único.

No domingo, o Afropunk Brasil abriu sua programação para uma roda de conversas nos painéis no “Solution Sessions”. O projeto integrou o evento como um espaço de troca de experiências, na tentativa de resolução de problemáticas que atingem a comunidade negra.

A ativista Monique Evelle, a digital influencer Magá Moura, o estilista Isaac Silva, o ator Sulivã Bispo e o jornalista Guilherme Soares Dias, do Guia Negro e do Alma Preta, foram alguns dos nomes que entraram para o time que trouxe para o debate temas como o futuro da comunidade negra como um todo, no turismo, na educação financeira e na influência pública. Os papos resultaram em mais de quatro horas de conversa que finalizaram a edição brasileira do festival.

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