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Aulão ambiental discute novos modelos de sociedade a partir do bem-viver

Com o tema “Bem Viver, comum e ubuntu”, o evento promovido pela Uneafro Brasil acontece nesta quinta-feira (8), a partir das 19h; confira

Texto: Redação | Imagem: Divulgação

Nilma Bentes, intelectual negra que criou o conceito do bem viver e participará do aulão ambiental

Nilma Bentes, intelectual negra que criou o conceito do bem viver e participará do aulão ambiental

7 de julho de 2021

 A Uneafro Brasil realiza nesta quinta-feira (8), às 19h, seu segundo aulão ambiental. Com o tema “Bem viver, comum e ubuntu”, o encontro faz parte do projeto de criação de hortas comunitárias em três núcleos do movimento. Por meio deste projeto, as temáticas da agroecologia e da soberania alimentar são sugeridas como caminhos efetivos no fortalecimento das comunidades e na resistência ao racismo, sendo assim, incorporados às formações políticas realizadas em núcleos da instituição.

O evento é gratuito, aberto ao público e conta com apoio do Instituto de Referência Negra Peregum e da Fundação Rosa Luxemburgo. As inscrições estão abertas. O aulão será mediado pelo biólogo, professor e coordenador do núcleo da Uneafro Brasil na Ocupação 9 de Julho do MSTC, José Henrique Lemos, mais conhecido como Zé Henrique.

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Na ocasião, pretende-se debater o tema do “Bem-viver”, em relação às noções de comum e ubuntu, além de ser experimentado no trabalho de campo por meio da criação das três hortas comunitárias urbanas. Para isso, a Uneafro Brasil convidou aquela que cunhou este conceito. Trata-se de Nilma Bentes, engenheira agrônoma, uma das fundadoras do Centro de Estudos e Defesa do Negro do Pará (Cedenpa) e propositora da Marcha das Mulheres Negras, que ocorreu em Brasília (DF), em 2015, e reuniu mais de 50 mil mulheres negras na capital federal.

Nilma também é integrante da Coalizão Negra por Direitos. “Bem viver” é uma concepção de vida proveniente dos povos indígenas andinos, presente tanto nos Aimara (Bolívia) quanto nos Quechua (Bolívia e Equador), e também dos povos Guarani (Brasil, Paraguai). Grosso modo é a forma de organizar a sociedade, pensando no coletivo, assim como faziam estas comunidades tradicionais, considerando o equilíbrio da relação entre as pessoas, natureza e o modelo econômico.

O conceito está na contramão de um modelo de desenvolvimento que considera a terra e a natureza apenas como insumos para a produção de mercadorias de rápido consumo e, mais rápido ainda, descarte. Modelo este utilizado ainda atualmente para sustentar o modelo capitalista em que os governos priorizam os mega investimentos, as grandes barragens, a exploração mineral, as monoculturas que degradam o ambiente e envenenam a terra, as águas e todos os seres vivos.

Ao fazer a conexão deste conceito com o bem comum e o ubuntu, a Uneafro Brasil ainda convida Juliana Gonçalves, mestranda em Estudos Culturais (USP) onde pesquisa o significado do conceito bem viver para mulheres negras. Ela é jornalista, ativista dos direitos humanos com foco em raça e gênero e integra a Marcha das Mulheres Negras de São Paulo. Atualmente, coordena a articulação política da Mandata Quilombo da deputada estadual Erica Malunguinho (PSOL) na Assembleia Legislativa de SP.

Uma sociedade sustentada pelos pilares do respeito e da solidariedade faz parte da essência de ubuntu, filosofia africana que trata da importância das alianças e do relacionamento das pessoas, umas com as outras. “A resistência ao racismo, ao machismo e ao capitalismo passam necessariamente pela soberania alimentar, pela preservação do meio ambiente, pelas práticas de cuidado e pela terra. A juventude negra, torturada e assassinada nos supermercados, não pode seguir comprando veneno para aumentar o lucro de seus assassinos”, diz a Uneafro Brasil.

Serviço:

O quê: Aulão ambiental “Bem Viver, comum e ubuntu”

Quando: 8 de julho, quinta-feira, às 19h

Onde: Online | Inscrições aqui.

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