O Cineclube Mocambo, grupo de discussões e exibições de filmes, terá sua primeira sessão online nesta quinta-feira (23). Ao todo, serão cinco exibições entre setembro e dezembro. A iniciativa tem o intuito de apresentar debates e obras dirigidas por pessoas negras brasileiras da África e da diáspora. Após as sessões haverá um debate sobre o contexto e recursos utilizados em cada uma das obras.
“A proposta é retomar a ideia do cineclube que exibe e discute filmes, com o diferencial de exibir filmes dirigidos por pessoas negras daqui do Brasil e de outras partes do mundo. Tentando justamente observar essas ocorrências que permeiam a produção cinematográfica e a maneira que as pessoas negras experienciam a vida no mundo inteiro”, explica Gabriel Araújo, coordenador-geral do Cineclube Mocambo.
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A primeira edição tem o tema “ser negro no mundo” e conta com a exibição das obras “T”, um documentário da cineasta Keisha Rae Witherspoon, e o curta-metragem colombiano “Lumbalú; Agonía” do diretor Jorge Perez. As sessões acontecem no site do Cineclube.
“O Cineclube Mocambo tem uma razão e sentido de existir: fazer circular os filmes produzidos por pessoas negras e os debates suscitados por eles”, explica o produtor de cinema e idealizador do Cineclube Mocambo, Jackson Dias, sócio-fundador da Ponta de Anzol Filmes.
São curadores da iniciativa Gabriel Araújo e Jackson Dias, além da professora Tatiana Carvalho Costa. O cineclube é realizado com recursos da Lei Municipal de Incentivo à Cultura de Belo Horizonte, por meio do edital ‘BH nas Telas’, fundo 2020.
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Debate de abertura
O debate de abertura intitulado “Sabedoria dos Cipós” acontece no próximo sábado (25), às 19h, e contará com a participação de Dénètem Touam Bona, filósofo francês, autor de ensaios filosóficos afro-europeus que discutem pontes entre mundos ainda distorcidos pela “linha da cor”. O outro componente da mesa é o poeta, tradutor e performer brasileiro Léo Gonçalves, autor dos livros “Use assento para flutuar” e “Infimidades”. Ele é pesquisador de culturas africanas, caribenhas e afro-latinas.
“A sessão de debate que acontecerá nesta edição de setembro está muito ligada com a ideia da morte relacionada às pessoas negras em diversas partes do mundo. Então, começamos com a exibição de quatro curtas, que denunciam esse genocídio em curso contra a população negra. Traremos também para o debate uma análise sobre o modo como esses cineastas negros retratam a violência negra dentro de seus filmes. Outro ponto é entender a dimensão das tradições de matriz africana”, explica Gabriel.
Para os idealizadores, um dos objetivos é também ampliar a discussão em torno do cinema preto latino-americano, uma vez que essas produções são muito ausentes no Brasil.