Após três décadas, corpos seguem desaparecidos e não houve respostas sobre o caso
Texto: Edda Ribeiro | Edição: Nataly Simões | Imagem: Reprodução
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O Coletivo Fala Akari, que movimenta ações na favela da Zona Norte do Rio de Janeiro, convoca um twittaço em memória dos 30 anos da Chacina de Acari. Segundo os organizadores, são três décadas sem respostas sobre o crime. Com a tag #ChacinaDeAcari30Anos, eles pretendem chamar atenção nas redes sociais. A mobilização está marcada para às 18h desta sexta-feira (24).
Uma das organizadoras, a socióloga e patologista Buba Aguiar, diz que o ato é simbólico e essencial para a comunidade. “Mesmo após 30 anos, o caso não caiu no esquecimento. Um dos motivos é a impunidade em relação aos executores e responsáveis intelectuais pelo crime”, afirma. No domingo, moradores devem promover ações internas em relação a data e abordar a situação da pandemia da Covid-19.
Onze jovens foram assassinados em 26 de julho de 1990 e os corpos seguem desaparecidos. O caso, ocorrido no fim da Ditadura Militar no Brasil, completa 30 anos em 26 de julho. Os jovens em questão, a maioria moradores da Favela de Acari, estavam de férias em um sítio no município de Magé, onde foram sequestrados pelo grupo de extermínio Cavalos Corredores, formado por policiais e chefiado pelo Coronel reformado e ex-deputado estadual Emir Larangeira. Larangeira também é acusado de planejar a morte de Edméia Euzébio, uma das mães que lutava por respostas sobre o filho desaparecido.
Em comunicado do Coletivo Fala Akari, moradores relatam como era viver na época com o medo a todo momento. “Uma tropa de cavalaria espalhando terror pelas ruelas, invadiam casas, extorquiam e agrediam pessoas, estupravam mulheres, matavam, e ainda desviavam armas apreendidas do tráfico para serem utilizadas por aquele, ou outros grupos de extermínio formados por policiais militares”, diz um dos relatos.