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Como é para mim interpretar Darluz?

27 de agosto de 2015

Texto: Dina Alves

Pra mim, interpretar Darluz é poder reafirmar no meu trabalho que o teatro deve cumprir sua função social. Darluz foi construída através de muito diálogo com Eduardo Silva, diretor da peça, muita leitura do texto e exercícios de escrita da gênesis da personagem. O Eduardo e eu chegamos à conclusão que Darluz é essa mulher enlouquecida pelo sistema capitalista e que forja estratégias de sobrevivência a partir do seu corpo.

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Pra mim Darluz foi um presente oferecido pelo Marcelino Freire, escritor pernambucano vencedor do prêmio Jabuti, com quem eu tive o prazer de conversar sobre essa mulher que ele escreveu no conto intitulado Darluz, do livro Balé Ralé.

Interpretar Darluz é uma grandiosa oportunidade de demonstrar, através da personagem, o lugar/não lugar que as mulheres negras ocupam nessa sociedade, que as relegam a espaços historicamente demarcados.  Se é verdade que as mulheres negras somam-se a maior participação demográfica entre os pobres, vítimas de racismo e do sexismo, Darluz confirma essa verdade a partir da sua fala e de seu corpo no palco.

Darluz representa grande parte das mulheres negras que estão limpando o chão das universidades, vivendo em lixões, atrás das grades e vítimas do aborto. É muito importante trazer para o teatro a reflexão sobre a maternidade negra e qual é o olhar da sociedade e do estado sobre estas mulheres e seus corpos. Historicamente vistas como fábricas de produzir marginais. Darluz traz à tona a discussão sobre a autonomia do corpo ao gerar seus filhos e vendê-los, ao mesmo tempo em que vende também o leite produzido pela gestação e assim utiliza o seu corpo como instrumento de sobrevivência.

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