“O Caso do Homem Errado” entra em cartaz na quinta-feira (2), no CineSesc; documentário terá curta temporada e duas exibições diárias
Texto / Amauri Eugênio Jr.
Imagem / Divulgação
Quer receber nossa newsletter?
Você encontrá as notícias mais relevantes sobre e para população negra. Fique por dentro do que está acontecendo!
“O Caso do Homem Errado”, documentário que retrata a trajetória de Júlio César de Melo Pinto, jovem operário negro executado nos anos 1980 pela Brigada Militar, em Porto Alegre (RS), estreia no CineSesc nesta quinta-feira (2).
O longa tem como mote a execução de Melo Pinto, cuja morte ganhou notoriedade após a divulgação na imprensa de fotos que o mostram sendo colocado com vida em uma viatura – após 37 minutos de tais registros terem sido feitos, ele fora levado ao hospital já sem vida e com ferimentos a bala.
A tragédia da qual o jovem foi vítima é, infelizmente, atual após mais de três décadas. Segundo o Atlas da Violência 2018, 71,5% dos homicídios registrados no Brasil tinham pessoas negras como vítimas. Além disso, a existência de movimentos como o “Black Lives Matter” mostra que a questão racial precisa ter avanços extremos para haver igualdade entre pessoas negras e brancas.
“Fica evidente que as pessoas simplesmente acham que podem nos calar tirando as nossas vidas, mas foi como se uma semente tivesse sido plantada. Outras pessoas continuarão a lutar por ela, por justiça e pelo que ela lutava. Do luto a gente faz uma luta”, afirma Camila de Moraes, diretora do documentário, sobre a desigualdade sociorracial existente, o racismo estrutural e a morte de Marielle Franco (PSOL-RJ) – o longa havia estreado em Porto Alegre oito dias após a execução da qual a ex-parlamentar foi vítima.
Luta audiovisual
“O Caso do Homem Errado” representa a segunda vez em que um filme dirigido por uma mulher negra é exibido no circuito comercial – o primeiro havia sido “Amor Maldito”, de Adelia Sampaio, em 1984.
De acordo com Camila de Moraes, o processo para incluir um longa-metragem no circuito comercial é cansativo. “Chegar à etapa comercial é outro patamar. A gente precisa ter vários registros da Ancine [Agência Nacional de Cinema], abrir empresa, pagar taxas bancárias mensalmente… São muitos custos que não estavam previstos no nosso orçamento, mas não iremos desistir. A nossa meta é fazer um circuito comercial nacional, passar por todos os estados brasileiros e agora é a vez de São Paulo”, finaliza a realizadora.
Na telona
“O Caso do Homem Errado” estreará em São Paulo nesta quinta-feira (2), no CineSesc (rua Augusta, 2.075, Cerqueira César, São Paulo. As exibições acontecerão diariamente, até 8 de agosto (quarta-feira), às 15h e às 19h.