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Escritora Conceição Evaristo norteia Festival Kwanzaa-Escrevivências

As atividades artístico-culturais, todas acompanhadas de perto pela anfitriã, são realizadas em três espaços diferentes da cidade de São Paulo, com transmissão ao vivo pelo YouTube
Imagem mostra Conceição Evaristo, idosa negra retinta e de cabelos grisalhos. Ao fundo, há uma planta grande.

Foto: Leonor Calasans

11 de dezembro de 2023

De 13 a 15 de dezembro, a escritora e professora Conceição Evaristo conduz o Festival Kwanzaa-Escrevivência. A programação é voltada às contribuições das pessoas negras na produção de conhecimento e comemora as realizações da titularidade de Conceição na Cátedra Olavo Setubal de Arte, Cultura e Ciência, uma parceria do Itaú Cultural e o Instituto de Estudos Avançados da Universidade de São Paulo (IEA-USP).

As atividades artístico-culturais, todas acompanhadas de perto pela anfitriã, são realizadas em três espaços diferentes da cidade de São Paulo, com transmissão ao vivo das mesas pelo YouTube do IEA

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A programação abre na quarta-feira (13), às 19h, no Itaú Cultural, com falas de Jader Rosa, superintendente do Itaú Cultural, e Patrícia Mota, superintendente do Itaú Social, seguida de uma conferência com Conceição Evaristo e pocket show de Anelis Assumpção.

O encerramento na sexta-feira (15) será USP, com cortejo do grupo Ilú Obá De Min, vídeo-mapping do Coletivo Coletores e show da cantora Larissa Luz. Ao longo dos três dias, o festival reúne, ainda, rodas de conversa, performances poéticas de Luz Ribeiro, Mel Duarte, Cajota Domingues e Victor Hugo Oliveira, e a contação “Pretinha Ponciá”, com Kétila Araújo.

Kwanzaa-Escrevivência traz para o Brasil a celebração do Kwanzaa e celebra a relevância dos trabalhos acadêmicos e artísticos de Conceição Evaristo. Eles refletem sobre a formação social brasileira, em confluência com epistemologias de vários intelectuais, entre os quais Beatriz Nascimento, Lélia González, Lêda Maria Martins, Sueli Carneiro, Abdias do Nascimento, Edouard Glissant e Franz Fanon.

Resistência e expressão

A participação da escritora na cátedra foi pautada pela reflexão sobre epistemologias afro-diaspóricas por meio de diversas atividades e ações. Entre estas ações está a criação do “Grupo de Estudos Escrevivência: Corpu(s) Estéticos em Diferença”, uma disciplina de pós-graduação e um curso de extensão para docentes da educação básica, além de seminários, palestras e participação em eventos que tiveram como audiência tanto a comunidade uspiana quanto o público externo.

Durante sua titularidade, no período de setembro de 2022 a dezembro de 2023, Conceição expandiu, em parceria com o grupo de estudos criado por ela, o diálogo do conceito de escrevivência com diferentes áreas de conhecimento. A intelectual explica o termo com a representação de uma concepção teórica que busca jogar luz nas vivências individuais e coletivas das comunidades negras na diáspora e das populações marginalizadas.

“Ela se configura como um ato de resistência e expressão. Destaca-se como uma ferramenta poderosa para reivindicar as identidades, memórias e histórias afro-diaspóricas, ressignificando imagens como a da Mãe Preta, silenciadas historicamente nas sociedades”, explica a escritora.

Dessa forma, por meio da reflexão sobre a escrevivência e em consonância com os sete princípios fundamentais do Kwanzaa (unidade, autodeterminação, trabalho coletivo e responsabilidade, economia cooperativa, propósito, criatividade e fé), o festival busca celebrar a cultura negra e, segundo Conceição, estimular formas coletivas de vida e resistência das comunidades negras em diáspora.

Kwanzaa

Kwanzaa é uma celebração cultural afro-americana surgida em 1966, por sugestão de Maulana Karenga, professor de estudos negros atualmente vinculado à Universidade Estadual da Califórnia, em Long Beach. Criada no contexto do movimento pelos direitos civis estadunidense, a festividade é comemorada principalmente nos Estados Unidos, de 26 de dezembro a 1º de janeiro.

Segundo Hernani Francisco da Silva, fundador da Sociedade Cultural Missões Quilombo, o Kwanzaa foi concebido como um ritual ligado à época de colheita. Durante a semana em que ele transcorre, os participantes se reúnem com familiares e amigos para trocar presentes entre luzes de velas pretas, vermelhas e verdes, que simbolizam os sete valores fundamentais da vida familiar afro-americana, identificados por termos da língua suaíli: umoja (unidade), kujichagulia (autodeterminação), ujima (trabalho coletivo e responsabilidade), ujamaa (economia cooperativa), nia (propósito), kuumba (criatividade) e imani (fé).

Para Conceição Evaristo, comemorar o Kwanzaa no Brasil implica celebrar as raízes africanas, estar em sintonia com a herança e a ancestralidade trazidas pelos povos africanos.

“Também reforça que, apesar dos desafios enfrentados pelas populações afro-brasileiras, a resiliência e a celebração das conquistas persistem, como testemunhos poderosos de uma história rica e vibrante”, completa ela.

Para a autora e ex-titular da Cátedra Olavo Setubal, esta celebração fortalece os laços comunitários e inspira a continuidade do legado cultural, promovendo a conscientização.

Serviço 

Quando: De 13 a 15 de dezembro (quarta-feira a sexta-feira) 

Onde: No Instituto de Estudos Avançados da Universidade de São Paulo (IEA-USP), Escola de Artes, Ciências e Humanidades da Universidade de São Paulo (Each-USP) e Itaú Cultural

Entrada gratuita.

Reservas de ingressos no site.

  • Redação

    A Alma Preta é uma agência de notícias e comunicação especializada na temática étnico-racial no Brasil.

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