A organização Habitat para a Humanidade Brasil promove a exposição fotográfica “Onde mora a esperança”, que retrata lares diferentes em 12 países. Com a presença de seis fotógrafos, sendo dois brasileiros, a organização ainda convidou as crianças que moram na comunidade de Heliópolis, em São Paulo, para prestigiar a mostra na Casa das Rosas. A exposição é gratuita e está disponível até o dia 28 de novembro.
“A volta ao mundo que essa exposição nos proporciona é um chamado a refletirmos sobre as nossas diferenças e similitudes, compartilhando o planeta onde moramos. É também um convite para atuarmos na construção de um mundo mais democrático e com justiça social. Os cenários são muitos, mas a esperança nos une em cada sonho, em cada conquista, em cada lar”, explica Mário Vieira, diretor executivo da Habitat Brasil.
Quer receber nossa newsletter?
Você encontrá as notícias mais relevantes sobre e para população negra. Fique por dentro do que está acontecendo!
Para o curador da exposição, João Kulcsár, levar as crianças de uma comunidade periférica para prestigiar a mostra é uma ideia que surge a partir do pensamento de que a arte pode ser uma ferramenta de educação, diversidade e inclusão.
“É importante elas [crianças] se identificarem com as fotografias, pois na exposição também têm fotos da comunidade, e também dar liberdade para que elas questionem junto com o texto da exposição: onde mora a esperança?”, pondera o curador. “A maioria das pessoas tem o sonho de ter um lugar para chamar de seu, que serve de base para os seres humanos encontrarem as necessidades básicas como amor, pertencimento e família, seja ela composta por mães solo, pessoas LGBTQIA+ ou membros da terceira idade”, complementa.
Privilégios
De acordo com a organização, o objetivo da exposição é fazer as pessoas refletirem sobre privilégios. Os dois fotógrafos escolhidos para retratar isso são Maíra Erlich e Rodrigo Zaim. Maíra fotografou áreas rurais no semiárido de Pernambuco, em Riacho das Almas, local em que há carência de soluções de acesso à água potável há mais de 10 anos e, mais recentemente, a Habitat Brasil elaborou uma iniciativa que levou banheiros para famílias sem qualquer tipo de acesso ao saneamento básico.
Leia também: ‘Casa da Cultura do Recife reabre com programação diversa’
Já o fotógrafo Rodrigo Zaim registrou famílias da comunidade de Heliópolis em São Paulo, região em que a Habitat atua em prol de melhorias habitacionais. Rodrigo também fotografou pessoas em situação de rua no centro da cidade, para mostrar o contraste social da região ao mesmo tempo que retrata relações de afeto e família.
“Em muitas fotografias podemos ver a alegria e o amor das pessoas, mesmo vivendo em situações que não deveriam existir mais. Sem dúvida, a população preta e periférica é a que mais sofre com a precarização da moradia e muitas outras, porém somos um povo forte e resiliente, como já cantava Nelson Cavaquinho ‘o sol há de brilhar mais uma vez, a luz há de chegar aos corações’. Acredito que a resiliência é um dos aspectos que, por maior que seja a dificuldade, o povo preto forte sabe que isso é passageiro”, pondera Zaim.
Rodrigo ainda pontua que a fotografia, desde sua popularização no mundo, cumpre o papel de mostrar a realidade da maneira como ela é, “muitas vezes uma realidade que as pessoas não querem ou não gostam de ver, mas sabem que ela existe”, diz.
Sobre a exposição, Rodrigo brinca ironiza o local em que ela está disponível. “Você levar esse tipo de fotografia para a avenida mais rica do Brasil com certeza terá um impacto gigantesco em quem as vê, mas a consciência de classe vai muito além de se sensibilizar com algumas fotografias e nada fazer”, finaliza.
Serviço
Exposição Fotográfica “Onde Mora a Esperança”.
Local: Casa das Rosas – Avenida Paulista, 37, São Paulo.
Data: até 28 de novembro, das 7h às 22h.
Entrada franca.