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Flup debate Carolina Maria de Jesus e inspira mulheres negras a reescrever ‘Quarto do Despejo’

26 de junho de 2020

Festa Literária das Periferias realiza série de lives pelo Facebook e YouTube; a próxima será dia 30, às 19h

Texto: Guilherme Soares Dias | Edição: Nataly Simões | Imagem: Reprodução

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A Festa Literária das Periferias (Flup) realiza desde maio uma série de lives nas redes sociais para debater a escritora Carolina Maria de Jesus em um ciclo chamado “Uma revolução chamada Carolina”, com objetivo de inspirar mulheres negras de todo o país a reescrever “Quarto de despejo”. O lançamento do livro que que foi traduzido para uma dezena de línguas completará 60 anos em agosto. O resultado da obra coletiva será publicado no início de 2021.

As conversas ocorrem todas as terças-feiras. No próximo dia 30, às 19h, ocorre a última mesa com o tema “Carolina: da palavra aos museus”, que tratará da trajetória da produção literária da escritora, os desafios e caminhos de expor Carolina Maria de Jesus.

Os participantes serão o antropólogo e curador de arte Hélio Menezes e a historiadora Raquel Barreto, curadores da exposição “Carolina Maria de Jesus, Um Brasil para os brasileiros”, que acontecerá no Instituto Moreira Salles, em São Paulo, em 2021, sobre a escritora. “Vamos debater uma autora que ficou muito conhecida por ‘Quarto de Despejo’, mas que não pode ser reduzida a autora de um livro só. Carolina é autora de muitos livros, como Casa de Alvenaria, Diário de Pitita, Provérbios, Pedaços da Fome”, enumera Menezes.

O curador lembra que os outros livros da escritora são pouco conhecidos e que a maior parte dos escritos de Carolina seguem inéditos em manuscritos pesquisados para essa exposição. “Falaremos dos desafios de reapresentar essa escritora que é uma mulher, negra e pobre, ou seja, que tem os marcadores de classe, raça e gênero”, afirma.

O debate fala da escritora como símbolo de luta, mas também sua história como pessoa e os caminhos que percorreu. “Vamos discutir porque a imagem da Carolina é sempre remetido ao lenço no cabelo, a favela ao fundo, sendo que há outras imagens da autora, mas que não circulam. Há essa outra Carolina que não é muito divulgada”, lembra Menezes.

O primeiro de 14 debates envolveu a professora Vera Eunice e a escritora Conceição Evaristo, com mediação da jornalista Flávia Oliveira. As duas convidadas viram Carolina viva e falaram de memórias reais do que foi um dos maiores fenômenos da história da literatura brasileira. Participam desses debates 45 pessoas, que vão da atriz Zezé Motta à rapper Preta Rara, passando pela urbanista Joice Berth, a deputada Benedita da Silva (PT-RJ), a professora Fernanda Felisberto e a catadora Maria Aparecida. Todas as pessoas envolvidas nos debates são negras, dentre as quais 38 são mulheres.

O ciclo de debates é a primeira experiência on-line da Flup. Quase 500 mulheres de todo o país se inscreveram para participar do processo formativo. O critério de escolha para o grupo, formado por 210 mulheres negras de todos os estados brasileiros, foi uma carta escrita para Carolina. Essas cartas têm sido lidas no final de cada uma das lives.

Um dos grupos é formado por mulheres catadoras de material reciclável no ABC Paulista.O interesse pela obra de Carolina Maria de Jesus também pode ser medido pelo fato de que algumas africanas lusófonas e uma francesa terem se disposto a participar do desafio de reescrever o clássico da escritora.

O conteúdo de todas as lives está disponível no YouTube da Flup.

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