O 20 de novembro, Dia da Consciência Negra, será marcado por manifestações em várias localidades do Brasil contra o racismo e contra a situação econômica e social que atinge, sobretudo, a população negra. Neste ano, as mobilizações confirmadas para a data recebem o apoio da campanha nacional ‘Fora Bolsonaro’ e terá como mote ‘Fora Bolsonaro Racista’.
Em São Paulo, a 18° edição da Marcha da Consciência Negra acontece neste sábado (20) e é parte do calendário oficial da capital paulista. Tradicionalmente, é organizada pelas entidades e organizações negras como o Movimento Negro Unificado (MNU), a Uneafro Brasil, a União de Negros pela Igualdade (Unegro), a Coordenação Nacional de Entidades Negras (Conen) e o Círculo Palmarino, que são parte da Coalizão Negra por Direitos e da Convergência Negra.
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“Hoje é calculada uma expectativa de mais de 80 atos em diversas cidades e capitais do Brasil. A manifestação em São Paulo acontece sobre alguns marcos muito importantes. Estamos realizando a 18° edição da Marcha da Consciência Negra, ou seja, foram 18 vezes que o movimento negro organizou uma marcha de rua para celebrar a memória de Zumbi dos Palmares e também a luta pelos direitos da população negra”, destaca Simone Nascimento, representante do MNU, em apresentação do manifesto deste ano oferecida na última quinta-feira (18).
O ano de 2021 também marca a celebração do cinquentenário da Consciência Negra no Brasil. Este dia é reivindicado desde 1971 e foi instituído como data nacional oficialmente pela Lei n° 12.519, de 10 de novembro de 2011, sendo escolhido o 20 de novembro como homenagem à Zumbi dos Palmares, líder do Quilombo dos Palmares, assassinado neste mesmo dia em 1695. Na capital paulista, a data tornou-se oficial a partir da Lei n° 14.485, de 19 de julho de 2007.
Manifesto de ação nas ruas
Entidades do movimento negro apresentaram o manifesto da 18° Marcha da Consciência Negra de São Paulo | Créditos: reprodução/ Facebook Marcha da Consciência Negra de SP
O manifesto da 18° Marcha da Consciência Negra de São Paulo foi apresentado e lido na última quinta-feira (18) pelas entidades negras que compõem a organização da Marcha. No documento, todas e todos são convocados às ruas para protestar contra o governo de Jair Bolsonaro, o descaso no combate à pandemia, o desemprego, o aumento da fome, a perda de direitos da população e todas as condições sociais e econômicas que impactam, sobretudo, a vida das pessoas negras, quilombolas, indígenas e comunidades tradicionais do Brasil.
“São 18 anos de uma importante manifestação da luta do movimento negro por direitos sociais, econômicos e políticos e pela construção de uma sociedade sem racismo”, apresenta um dos trechos do manifesto.
Além disso, o documento também cobra responsabilidade do governo do estado de São Paulo sobre a situação de desemprego e fome que atinge a região. “Aqui se concentra a cesta básica mais cara do Brasil, um valor maior que o auxílio emergencial federal que foi reduzido ou do Bolsa Família que foi encerrado. Nosso povo está na fila do açougue para comprar ossos e revirando lixo para achar o que comer”, aborda outro trecho do manifesto, que será disponibilizado nas redes sociais da Marcha da Consciência Negra de São Paulo.
Programação em São Paulo
A 18° Marcha da Consciência Negra de São Paulo vai começar às 12h no sábado (20), em frente ao Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand (Masp). Depois da programação cultural, às 15h, um ato religioso com povos de terreiros vai abrir a mobilização política, que começa às 15h30 com falas das entidades do movimento negro e início da marcha. A caminhada, então, seguirá até as escadarias do Theatro Municipal de São Paulo, local onde ocorreu o lançamento do MNU em 1978.
A programação completa da 18° Marcha da Consciência Negra de São Paulo foi disponibilizada nas redes sociais da mobilização. A Coalizão Negra por Direitos também disponibilizou o horário e o local de manifestações confirmadas para a data no Brasil e no exterior. A organização do evento recomenda distanciamento social, uso de álcool em gel e máscaras durante as manifestações.
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