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‘Doutor Gama’: filme sobre a vida do abolicionista estreia nesta quinta

Advogado, jornalista e poeta, Gama libertou pessoas escravizadas nos tribunais e desafiou o racismo no século 19; obra foi dirigida por Jeferson De, que evitou o retrato de herói, mas foi a fundo na história do homem convicto de sua missão

Texto: Juca Guimarães I Edição: Nadine Nascimento I Imagem: Divulgação

césar mello em cena como Luiz Gama no filme de Jeferson De

3 de agosto de 2021

A fascinante trajetória do abolicionista negro Luiz Gama será finalmente contada pelo cinema brasileiro. A missão de narrar essa história, pouco conhecida pelos brasileiro, foi cumprida por Jeferson De em ‘Doutor Gama’, filme cuja estreia está marcada para esta quinta-feira, 5 de agosto.

O longa, ambientado no Brasil escravista do século 19, é uma coprodução da Globo Filmes e Paranoid. O roteiro aborda desde a infância até a vida adulta de Gama, para traçar um panorama da luta popular contra a escravidão.  O fime estreia nos cimenas de todo o país e é produção associada da Buda Filmes e distribuição da Elo Company.

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A construção do abolicionista na fase adulta, por exemplo, que é interpretado pelo ator César Mello, levou em conta as diversas atividades e talentos dele.

“Eu li diversas vezes livros sobre ele e lia em voz alta os seus textos para achar um tom, uma maneira de chegar nesse Gama que é diverso e não pode ser definido em uma única palavra, uma única atividade. Ele foi múltiplo e incansável”, afirma o ator.

Gama nasceu livre na Bahia e, muito jovem, foi vendido pelo próprio pai para mercadores de pessoas escravizadas. Sua mãe, Luiza Mahin, foi uma liderança importante na Revolta dos Malês. Em São Paulo, o jovem Gama caminhou mais de 100km a pé, acorrentado, até chegar na capital.

“De todos os abolicionistas importantes da história do Brasil, Gama foi o único que nasceu livre e foi escravizado. Foi o único que conheceu a escravidão e sabia o tão cruel ela foi. Por isso, o seu empenho tão forte em libertar outros negros”, pontua Mello.

A direção de Jeferson De, um diretor negro, coloca no filme um olhar diferente e profundo sobre a violência contra corpos negros, que procurou evitar a exploração e o fetiche da dor.

“Não queria ceder a esse lugar. Eu estou falando de mim, estou falando dos meus antepassados. Além do prazer de fazer um filme, paradoxalmente, tem também muita dor em falar sobre isso. Em muitos momentos, eu sentia em mim e nos atores que isso nos tocava de uma maneira muito forte”, lembra o diretor.

Segundo De, o filme faz uma apresentação muito digna de Luiz Gama e dos demais personagens da obra. A atriz Mariana Nunes, que já tinha trabalhado com o diretor no longa ‘M8 Quando a Morte Socorre a Vida’, de 2018, faz Claudina, mulher de Gama. É a primeira vez que uma atriz negra faz um filme de época sem interpretar uma pessoa escravizada. Mariana destaca a importância de um diretor negro contar a história do abolicionista.

“As coisas que ele me falava durante a direção me acessam de um particular. A gente [pessoas negras] têm códigos e vocabulários em comum para contar bem uma história como essa”, pontua a atriz.

Em seu elenco, além de César Mello e Mariana Nunes, estão, Teka Romualdo, Johnny Massaro, Romeu Evaristo, Sidney Santiago, Dani Ornellas, Erom Cordeiro, Nelson Baskerville, além das participações especiais de Zezé Motta e Isabél Zuaa.

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