Segundo o fundador, o local serve para pensar e produzir arte a partir do terreiro, prezando sempre o protagonismo negro
Texto / Lucas Veloso | Edição / Pedro Borges | Imagem / Silvio Ferreira Martins
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O jornalista, cantor lírico, mestre em políticas públicas e doutorando Felipe Brito achava que precisava ter um espaço para pensar coletivamente a identidade negra e o seu protagonismo a partir dos terreiros. Com essa ideia, criou em São Paulo a Ocupação Cultural Jeholu.
Desde agosto do ano passado, o local promove atividades de música, teatro, cinema, debates e fotografia para discutir as colaborações das pessoas negras e os impactos do racismo na identidade racial brasileira. “As rodas de conversa que tem promovido debates importantes como a história da luta antirracista em São Paulo, entre outros temas relevantes”, exemplifica Brito.
“O terreiro e toda essência das comunidades de terreiro são o eixo principal da iniciativa”, destaca o ativista. “Jeholu é Obaluaiê, patrono deste movimento cultural antirracista. Nossas rodas de conversa sempre têm, obrigatoriamente, como provocadores mulheres e homens negros de candomblé que apresentam suas perspectivas sobre os mais variados assuntos”.
No espaço há rodas de samba em homenagem aos baluartes do samba paulista. Existe também um núcleo dedicado a executar o samba de roda, samba chula, e o samba de caboclo, executado nos terreiros.
Outro projeto é o ‘Núcleo de Ópera’, que reúne cantores líricos negros e tem como desafio promover o diálogo musical das melodias e ritmos originários dos terreiros de candomblé com a voz lírica e o repertório da ópera e da música de concerto.
A Ocupação Cultural Jeholu tem pouco mais de um ano e mesmo em tão pouco tempo, muitos foram os momentos marcantes para Felipe. Uma das presenças mais constantes nas rodas de samba é a de Seu Dadinho e Tia Neide, ambos da escola de samba Camisa Verde e Branco.
Ele lembra que a festa de um ano da Ocupação foi outro dia emocionante. “Entre batuques, árias de ópera, samba e a dança dos orixás, conseguimos passar a nossa essência e mensagem de luta e acolhimento”, pontua.
Serviço
Ocupação Cultural Jeholu | Pessoal do Faroeste /R. do Triunfo, 301/305, São Paulo
Próximas atividades
19/11 às 19h30 – Roda de Conversa Opa Ogó: do falo à criação. Com a participação de Pai Daniel Pereira, Tago Elewa, Ogã Marcelinho e Pai Celso Monteiro. Escutas e trocas acerca da masculinidade fora e dentro das nossas comunidades de terreiro | Onde: Cia Pessoal do Faroeste. Rua do Triunfo, 301 (Luz/Santa Ifigênia)
27/11 – Cantores líricos do Núcleo de Ópera Negra da Ocupação Cultural Jeholu se apresentam como solistas, a convite e parceria do Coro Luther King, para execução da ópera negra Treemomisha, de Scott Joplin, com acompanhamento da Camerata Sé e Fórum Coral Paulistano no Teatro Anne Frank (Clube Hebraica) e 29/11, no Auditório Ibirapuera, ambas apresentações às 21h. Entrada franca.
2/12, às 19h30 – Núcleo de Ópera Negra da Ocupação Cultural Jeholu apresenta mais uma edição dos Recitais Maestro Luiz de Godoy, com a temática especial voltada para canções afro-brasileiras, negro spiritual e música negra na diáspora africana | Onde: Cia Pessoal do Faroeste. Rua do Triunfo, 301 (Luz/Santa Ifigênia)
Contribuição Solidária
3/12, às 19h30 – Elenini – A luta contra o cárcere: o terreiro como acolhimento e continuidade de vida ante o abandono das mulheres no “banzo” do sistema prisional. Participação de Mãe Marisa de Oyá, Mãe Batia, Ebomi Carol Yewacy e Marilene Jerônimo
7/12 das 15h às 18h – Posse do Conselho Político da Ocupação Cultural Jeholu com a roda de conversa “O Racismo e a Matriz Africana”, com participação de Dra Regina Nogueira Kota Mulanji (coord. Nacional do FONSAPOTMA), Prof. Juarez Xavier (UNESP), Dra Maria Sylvia (Presidencia Gelédes) e Baba Sidnei Nogueira (CCRIAS Sango). O Conselho Político Jeholu terá como objetivo promover um debate propostivo antirracista no campo político e acadêmico que tenha como eixo o pensamento civilizatório das comunidades de terreiro.