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Museu de Arte Negra, de Abdias Nascimento, lança plataforma virtual

Evento de lançamento do museu online, que é mantido e preservado pelo Instituto de Pesquisas e Estudos Afro-Brasileiros (Ipeafro), acontece dia 13 de novembro

Texto: Fernanda Rosário | Edição: Nadine Nascimento | Imagem: Divulgação MAC Niterói

Instalação do Museu de Arte Negra Virtual.

3 de novembro de 2021

O Museu de Arte Negra (MAN) lança sua primeira sede em plataforma virtual no dia 13 de novembro, quando se completa uma década da morte de Abdias Nascimento, criador do museu. Na plataforma digital, o público terá acesso gratuito ao acervo, com documentos históricos, vídeos e publicações, além de poder consultar informações sobre as obras de arte. A primeira exposição digital terá pinturas de Abdias Nascimento, primeiro curador do MAN, em 3D e realidade aumentada.

“A ideia é que a partir de 2022, finalizemos as obras de Abdias Nascimento para consulta. Depois incluiremos as obras de demais artistas da coleção”, completa Julio Menezes Silva, coordenador do projeto MAN no ambiente virtual.

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O evento de inauguração do museu será transmitido ao vivo a partir das 18h pelos canais do Youtube do Instituto de Pesquisas e Estudos Afro-Brasileiros (Ipeafro) e do Cultne, considerado o maior acervo digital de mídia negra da América Latina. Também haverá transmissão simultânea pelo Facebook do portal Áfricas

No lançamento, serão exibidos vídeos do acervo do MAN, conteúdos inéditos, além da cerimônia de posse aos embaixadores Emicida e Erica Malunguinho, com a participação do influenciador AD Junior

“Decidimos por escolhê-los pelo que representam para o ativismo negro hoje. Cada um deles, em seu campo de atuação, vem mostrando capacidade de enfrentamento ao racismo e de valorização da vida, da cultura e dos saberes de origem afro-brasileira”, explica Julio Menezes sobre a escolha dos embaixadores.

Abdias Nascimento e criação do MAN

Abdias Nascimento discursa em peregrinação do Memorial Zumbi.

Abdias Nascimento discursa em peregrinação do Memorial Zumbi à Serra da Barriga em 20 de novembro de 1983 | Crédito: Acervo Ipeafro

Abdias Nascimento (1914-2011) teve uma trajetória extensa em torno da valorização e defesa da população negra brasileira. Ele foi poeta, dramaturgo, artista plástico, professor, ativista pan-africanista, escritor de diversos livros, como ‘O quilombismo’, além de também ter seguido carreira política como deputado federal, senador e secretário do governo do estado do Rio de Janeiro. Pelo conjunto de sua obra e reconhecimento internacional, foi indicado ao Prêmio Nobel da Paz 2010.

O Museu de Arte Negra surgiu como projeto do Teatro Experimental do Negro (TEN), que se desenvolveu com a liderança de Abdias Nascimento. O MAN foi idealizado em 1950 para combater o racismo estético e para valorizar a arte, a cultura e a população negra. Em 1968, com os 80 anos de abolição da escravatura, o museu abriu sua exposição inaugural, mas teve suas atividades suspensas no mesmo ano com a instituição do Ato Institucional N° 5, decreto que acirrou a ditadura militar brasileira.

Na ocasião, o curador Abdias Nascimento foi obrigado a ir para um exílio de 13 anos, mas seguiu cuidando do projeto no exterior. Nesse período, a coleção do museu cresceu com a criação de pinturas do próprio Abdias e da doação de obras de artistas. Em 1981, Abdias criou o Ipeafro, que é o responsável por guardar e preservar o acervo do museu, além de realizar atividades educativas, culturais e atuar no combate ao racismo.

Julio Menezes destaca a importância da criação da sede virtual do museu diante da necessidade de continuidade da preservação do acervo. “A proposta do Ipeafro de devolver a institucionalidade ao MAN é, antes de tudo, uma ação reparatória. O MAN jamais teve uma sede. Será a primeira sede do Museu de Arte Negra em 71 anos. Isso é um marco histórico! Nesse sentido, a aceleração da digitalização da vida provocada pela pandemia abriu espaço para avançarmos com essa ideia de lançar o MAN no ambiente virtual”, explica.

“O MAN já foi pensado lá atrás por Abdias Nascimento para ser um ‘museu para o futuro’. Quis o destino que nossa primeira sede nascesse no ambiente virtual, com espaço para exposição em 3D e realidade aumentada. Abdias Nascimento ia adorar concretizar o MAN assim como museu para o futuro”, também pontua Menezes.

Atualmente, 130 obras do MAN estão em exposição no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro (MAM-RJ), no âmbito da exposição ‘A memória é uma invenção’, com curadoria de Keyna Eleison, Pablo Lafuente e Beatriz Lemos. A exposição fica em cartaz até fevereiro de 2022.

Viabilização por financiamento coletivo

A concretização do MAN virtual foi possível por meio de uma campanha de financiamento coletivo que superou as metas inicialmente estabelecidas. Segundo Julio, o projeto contou com financiamento coletivo nas redes sociais e um aporte direto do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), em que para cada real arrecadado com a rede de apoiadores, o BNDES colocou mais dois reais.

“Ao término da campanha de financiamento coletivo, tínhamos superado em duas vezes as metas estabelecidas. A campanha de comunicação ‘Museu de Arte Negra – Tô Dentro!’ foi um sucesso, teve o engajamento de centenas de pessoas. Aprendemos muito ao longo desse ano, e o processo foi positivo. Mostrou que nossa rede é forte e solidária e que podemos realizar nossos projetos se agirmos coletivamente”, finaliza o coordenador do projeto.

Leia também: Museu Bajubá estreia com a missão de preservar a memória da população LGBTQIA+

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