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Quilombo MemORÍa: uma dramaturgia afrofuturista sobre ancestralidade e memória 

Peça que conta o reencontro entre avó e neto durante pandemia de Covid-19 tem últimas apresentações neste fim de semana no Teatro Arthur Azevedo, na Zona Leste de São Paulo
Imagem mostra avó e neto negros em cena na peça Quilombo MemORÍa.

Foto: Divulgação

27 de outubro de 2023

O diálogo com a oralidade e os cânticos para Exu ao som enérgico do atabaque trazem para o centro da cena a ancestralidade. O espetáculo “Quilombo MemORÍa”, com últimas apresentações neste fim de semana, conta o reencontro entre uma avó, que sofre de Alzheimer, e o neto, que decide tirá-la do isolamento durante a pandemia de Covid-19 e a leva para morar com ele para resgatar suas memórias. 

O projeto, contemplado pela 16ª Edição do Prêmio Zé Renato, da Secretaria Municipal de Cultura, no ano passado, conta com texto do ator e dramaturgo André Santos, que também faz parte do elenco ao lado da também atriz, cantora e roteirista Miriam Limma. A direção fica por conta do premiado ator Eduardo Silva. 

As últimas apresentações da segunda temporada da peça ocorrem no Teatro Arthur Azevedo, na Sala Multiuso, localizado à Avenida Paes de Barros, n° 955, no bairro Alto da Mooca, na Zona Leste de São Paulo, na sexta e sábado, às 20h, e domingo, às 18h. A apresentação com recurso de acessibilidade ocorre no dia 27, nesta sexta-feira. Os ingressos são gratuitos com retirada uma hora antes do início do espetáculo na bilheteria.

“Cada ancião é uma biblioteca […] toda existência é para ser lembrada, tudo o que me afeta é memoriar”, dizem os atores em cena. A arte dramática trata essencialmente da ancestralidade a partir da oralidade, um dos pilares da cultura africana, instrumento usado por milhares de anos pelos povos do continente africano para transmissão de saberes. 

O ator e dramaturgo André Santos, de 44 anos, afirma que acredita no poder da ancestralidade, não com o olhar preso no passado, mas no sentido de resgatar os ensinamentos de seus antepassados

“Como ator é um desafio. Quando você escreve, você tem muitas ideias. Como eu entreguei o texto na mão do Eduardo Silva, o qual é o maior ator brasileiro, o mais premiado ator brasileiro, que está dirigindo o espetáculo. Para ele dirigir, o desafio é você fazer a peça que ele está criando, não a que você escreveu”, pondera. 

Preservação da cultura e memória 

No contexto da diáspora africana, a oralidade assumiu um papel ainda mais fundamental na preservação da memória e da cultura. Em “Quilombo MemORÍa”, a oralidade é utilizada para contar a história de um grupo de quilombolas que vivem em um futuro distópico. 

O quilombo é um espaço no qual a memória segue mantida viva por meio de histórias, canções e danças. No espetáculo, ela ganha representação de uma entidade ancestral que aparece aos quilombolas em sonhos e visões. A entidade os guia em uma jornada para resgatar a memória do quilombo e de seus ancestrais.

A dramaturgia é escrita, dirigida e interpretada por atores negros com o intuito de criar uma narrativa fantástica com elementos do movimento afrofuturista. O projeto também conta com a participação de artistas negros em outras funções criativas. 

O espetáculo revisita a importância da ancestralidade e da oralidade na cultura afro-brasileira. Por meio de uma narrativa fantástica, o espetáculo resgata a memória de um povo, que foi silenciado e oprimido ao longo da história. 

O projeto ainda conta com a codireção de Ananza Macedo, cenografia de Flávio Serafin, figurinos e acessórios de Érica Ribeiro, iluminação de Ricardo Bueno, direção musical de Stela Nesrine, trilha sonora e composições de Stela Nesrine. 

Além disso, assina a coreografia de Betho Pacheco, com fotografia de João Caldas Filho, projeto gráfico de Alexandre Ignácio Alves e Ronaldo Lemos, direção de produção de Sonia Kavantan, produção executiva de Tiago Barizon e a assistência de produção de Conrado Sardinha. 

Serviço

Espetáculo: Quilombo MemORÍa 

Local: Teatro Arthur Azevedo, na Sala Multiuso, localizado à Avenida Paes de Barros, n 955, no bairro Alto da Mooca, São Paulo – SP

Dias: 27, 28 e 29 de outubro

Sexta e sábado, às 20h, e domingo às 18h 

Apresentação com intérprete de LIBRAS no dia 27 

Ingressos: Entrada gratuita, retirada do ingresso na bilheteria uma hora antes da peça; estacionamento sujeito a lotação

  • Jean Albuquerque

    Formado em Jornalismo e licenciado em Letras-Português, morador da periferia de Maceió (AL) e pós-graduado em jornalismo investigativo pelo IDP. Com experiência em revisão, edição, reportagem, primeira infância e jornalismo independente. Tem trabalhos publicados no UOL (TAB, VivaBem, ECOA e UOL Notícias), Agência Pública, Ponte Jornalismo, Estadão e Yahoo.

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