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3 em cada 4 mortos por intervenção policial no Brasil são negros

30 de outubro de 2017

Em 2016 foram mais de 61,5 mil mortos; o número total de mortes equivale aos mortos causados pela bomba atômica lançada em 1945 sobre a cidade de Nagazaki, no Japão

Texto / Solon Neto
Imagens / Reprodução

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Segundo dados divulgados pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública, o número de homicídios no Brasil em 2016 foi o maior da história.

Em 2016, o país registrou 61.619 ocorrências do tipo, o que equivale a sete assassinatos por hora.  Sergipe é o estado mais violento, com 64 mortes a cada 100 mil habitantes, contra a taxa de 29,9 no país.

A violência policial também cresceu. O anuário registrou um aumento de 25,8% nas mortes causadas por intervenção policial. Foram 4.224 mortes registradas.

Desse total de vítimas, 99,3% são homens, 81,8% têm entre 12 e 29 anos e 76,3% são negros.

Entre 2009 e 2016, 21.897 pessoas perderam suas vidas em ações da polícia.

A morte de policiais civis e militares aumentou. Em relação a 2015, o aumento foi de 17,5%, com um total de 437 vítimas policiais.

O gasto com políticas públicas de segurança no país caiu 2,6%, segundo os dados apresentados pelo Fórum. A maior redução foi realizada pelo Governo Federal, 10,3%. As tendências de queda ocorreram também no Fundo Nacional de Segurança Pública, com redução de 30,8% e no Fundo Nacional Antidrogas, que teve as verbas reduzidas em 63,4%. Nesse quadro, apenas o Fundo Penitenciário Nacional teve aumento, um total de 80,6%.

O anuário aponta também que houve aumento de 292% da mobilização de profissionais da Força Nacional, o que segundo declaração do integrante do Fórum, Arthur Trindade, ao G1, é uma ação mais midiática que efetiva.

No entanto, a segurança pública é considerada um conjunto de políticas para além da repressão. Nesse mesmo período, a desigualdade social no Brasil disparou e os gastos públicos foram congelados, medida que passa a valer já em 2018. A diminuição nos gastos se reflete na piora da condição de vida da população, que enfrenta uma taxa de desemprego de 12,6%, mais de 13 milhões de pessoas desempregadas.

Violência contra mulheres

Outro dado alarmante foi o aumento de 3,5% nos casos de estupros no Brasil. No total, houve registro de 49.497 casos no país. É importante ressaltar que esse número é considerado subnotificado, ou seja, a maioria das mulheres não registra os casos devido ao medo e à falta de amparo profissional e políticas de acolhimento.

A subnotificação não para aí. O número de mulheres mortas em 2016 foi de 4.657, dos quais apenas 533 foram registrados como feminicídio, categoria que passou a valer no mesmo ano. As estatísticas apontam que a cada 2 horas, uma mulher é assassinada no Brasil.

Erramos: a primeira versão deste texto informava  a proporção de negros mortos em relação ao número geral de mortos. Na verdade a proporção é em relação às mortes por intervenção policial.

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