Nesta sexta (5), começa a programação presencial do 17° Congresso Internacional de Jornalismo Investigativo promovido pela Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji). Desta vez, a edição presencial do Congresso, que retorna após dois anos de eventos virtuais por conta da pandemia, traz a Alma Preta Jornalismo como a primeira mídia negra a ocupar um estande nos dias de atividades.
“Para a gente, é um marco muito histórico ser a primeira mídia negra a participar do congresso da ABRAJI. Nunca tivemos a oportunidade de participar de um congresso desse porte. Ocupar esse espaço é para a gente, de alguma maneira, um ato de resistência”, pontua Elaine Silva, CEO da Alma Preta Jornalismo e cofundadora da Black Adnet.
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De acordo com a CEO da agência, o Congresso da Abraji é um dos mais importantes no meio do jornalismo brasileiro e da América Latina e estar ao lado de grandes mídias, representando um jornalismo de causa, tem um peso muito grande não só para a Alma Preta, mas para outros veículos de comunicação de mídia independente.
“A Alma Preta tem sete anos e, desde quando foi fundada, a gente cobra um posicionamento dessas organizações e das mídias convencionais no que diz respeito à diversidade. Eu acho que agora chegou um grande momento da gente mostrar o nosso trabalho e dizer também que existem outras mídias independentes tão capazes quanto a Alma Preta para ocupar esse espaço e para que seja também algo recorrente”, ressalta Elaine Silva.
Jornalista e diretora da Abraji, Gabi Coelho complementa que a importância de ter a mídia negra ocupando o Congresso mostra o compromisso que a Abraji tem adotado nos últimos anos com as pautas de diversidade e de inclusão, que são pautas que o jornalismo tem que tratar no dia a dia, mas que também tem que ser tratadas internamente na profissão.
“Eu enxergo como um potencial enorme ter cada vez mais mídias negras tendo destaque e sendo protagonista das suas histórias em espaços dentro da Abraji. Não só no congresso, mas em cursos, outros tipos de eventos e em vários âmbitos que a Abraji trabalha. Não só quando vai tratar da questão racial, mas mostrando o potencial dessas mídias em abordar diversos outros assuntos como qualquer outro tipo de veículo de comunicação e de mídia”, ressalta a diretora da Abraji.
Além disso, Gabi Coelho também pontua que a tendência tem que ser essa de maior protagonismo, não só falando em mídia negra, mas também discutindo regionalismo e diversidade de território.
“A Abraji, em um período em que a gente tem passado por tanto ataque à liberdade de imprensa, fazer 20 anos e ao lado de profissionais como da Alma Preta, por exemplo, acredito que é um momento muito histórico”, ressalta.
Participação da Alma Preta no evento
A participação da Alma Preta no evento se dará em duas partes. No sábado (6), às 11h30, acontecerá o painel “Pensando e lançando um produto jornalístico: 5 casos de sucesso”, com a participação da Elaine Silva entre os palestrantes, como representante da Alma Preta e da Black Adnet, um dos produtos da agência de notícias.
“A Alma Preta também vai estar presente no Congresso com o estande, onde a gente vai poder mostrar um pouco do nosso trabalho, da nossa operação, porque uma parte do time vai produzir os seus textos, vídeos, podcast in loco”, explica Elaine.
“O que a gente quer mostrar para as pessoas que vão frequentar o congresso é como funciona a mídia independente na prática. Para a gente, é um orgulho e uma conquista muito grande fazer parte dessa história de 20 anos de ABRAJI”, complementa a CEO da agência.
Sobre o Congresso
O 17° Congresso Internacional de Jornalismo Investigativo acontece até o dia 7 de agosto, de forma mista, e é promovido pela Abraji, que completa seus 20 anos de existência neste ano. As atividades aconteceram de maneira remota nos dias 3 e 4 de agosto e seguem até domingo presencialmente (sem transmissão pela internet) na Fundação Armando Alvares Penteado (FAAP), em São Paulo.
“O modelo misto traz uma experiência interessante que é deixar o congresso mais acessível, não só financeiramente falando, mas também para pessoas que não tenham disponibilidade de tempo também para estar em São Paulo participando do Congresso. O formato misto mostra que a Abraji tem se preocupado em fazer com que as questões debatidas no Congresso cheguem a mais pessoas”, explica Gabi Coelho.
São 15 grandes grandes temas a serem discutidos durante as atividades do evento, incluindo técnicas de apuração, trabalhos notáveis, projetos inovadores, transparência pública, proteção e segurança, ataques à democracia, desinformação, racismo, inclusão e sustentabilidade, entre outros.
Profissionais de vários países e de variados veículos de mídia e startups jornalísticas estarão no evento. O último dia do Congresso é dedicado à quarta edição do Domingo de Dados, que contém cursos e oficinas sobre jornalismo de dados e investigações sobre o tema. A programação do evento pode ser encontrada no site oficial.
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