Alunos que estão no final do curso de Direito da Universidade Presbiteriana Mackenzie foram surpreendidos com uma manifestação de apologia ao nazismo, que é crime no Brasil, durante uma aula online no dia 15 de setembro. O acesso à aula, pela plataforma Google Meet, era exclusivo para alunos e professores convidados por meio de um link, distribuído com antecedência.
Um dos usuários usou uma imagem da suástica formada por seringas, que foi exibida durante a aula do professor Hélcio de Abreu Dallari Júnior, que é advogado e também autor do livro “Teoria Geral do Estado Contemporâneo”, uma obra de referência sobre a formação do Estado democrático do Direito moderno.
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O Centro Acadêmico João Mendes Júnior fez uma manifestação pública no dia seguinte e exigiu que o caso fosse investigado e medidas adotadas, conforme o regimento da instituição, que prevê a expulsão, caso seja confirmado que o usuário seja mesmo um aluno.
A nota do centro acadêmico destacou a gravidade da apologia ao nazismo: “no curso de um período inegavelmente delicado da história nacional, com constantes ameaças democráticas e proliferação massiva de discursos de ódio e, sobretudo, na semana que marca uma das datas mais importantes e sagradas para o judaísmo: o Yom Kipur”, diz um trecho da nota.
“A comunidade mackenzista não tolerará manifestações racistas por parte de qualquer pessoa”, diz o trecho final da nota do centro acadêmico, que foi intitulada como “Caso de Apologia ao Nazismo: Basta de Preconceito”
O suposto aluno, segundo relatos de quem estava na aula, teria afirmado que é funcionário público e que a imagem seria uma espécie de protesto contra a obrigatoriedade da vacinação contra o Covid-19 para os servidores.
Durante a aula online do Mackenzie, ele teria sido questionado tanto pelo professor como por outros alunos sobre o uso da imagem ofensiva, inclusive com pedidos para que fosse alterada, o que não foi feito.
Alunos ouvidos pela Alma Preta Jornalismo disseram que, por conta do curso estar na reta final, há um risco da apuração do caso não ser concluída a tempo e, se for mesmo um aluno, ele consiga se formar sem nenhuma punição. Em 2019, um aluno também do curso de Direito, apoiador do presidente Jair Bolsonaro, fez ataques racistas à população negra e foi punido por conta de uma grande mobilização dos alunos e de entidades civis organizadas do movimento negro.
A universidade informou que foi aberto um processo disciplinar de apuração do caso de maneira completa e exemplar, “garantindo também o amplo direito de defesa”. Ainda segundo a nota, “a partir dos resultados da averiguação, decidiremos as atitudes cabíveis, de acordo com o Código de Ética e regulamentos da instituição”.