PUBLICIDADE
PUBLICIDADE

Ambev e Prefeitura de Salvador são notificadas por trabalho análogo à escravidão durante o Carnaval

Ministério do Trabalho resgatou 303 vendedores ambulantes que enfrentaram condições degradantes e jornadas exaustivas; empresa e município foram responsabilizados
Auditoria do trabalho fiscalizando trabalhos análogos à escravidão.

Auditoria do trabalho fiscalizando trabalhos análogos à escravidão.

— Ministério do Trabalho e Emprego

14 de março de 2025

O Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) notificou a Ambev e a Prefeitura de Salvador por exploração de trabalho análogo à escravidão de 303 vendedores ambulantes durante o Carnaval de 2025. A fiscalização identificou condições degradantes, jornadas exaustivas e falta de infraestrutura básica para higiene e descanso.

Os vendedores, contratados para comercializar bebidas da Ambev, relataram que dormiam nas ruas, em barracas improvisadas ou diretamente no chão, expostos ao frio, à chuva e à violência urbana. 

Quer receber nossa newsletter?

Você encontrá as notícias mais relevantes sobre e para população negra. Fique por dentro do que está acontecendo!

As jornadas de trabalho chegavam a 20 horas diárias, sem intervalos adequados para descanso ou alimentação. Muitos não tinham acesso a banheiros adequados e eram obrigados a pagar para usar instalações em estabelecimentos comerciais.

O MTE apontou que a Ambev, além de patrocinadora, atuou como empregadora dos vendedores, controlando suas atividades e sendo responsável pelo pagamento de salários e direitos trabalhistas. 

A Prefeitura de Salvador foi corresponsabilizada por firmar um contrato de exclusividade com a empresa e não garantir condições dignas de trabalho, caracterizando uma omissão na fiscalização.

Medidas adotadas após a fiscalização

Os trabalhadores resgatados receberam guias para acesso ao seguro-desemprego especial e ao pagamento das verbas rescisórias. O caso foi encaminhado ao Ministério Público do Trabalho (MPT) para adoção de medidas legais cabíveis. As autoridades competentes também foram acionadas para apurar possíveis responsabilidades criminais.

Em nota à imprensa, a Ambev afirmou que não havia relação empregatícia com os ambulantes, que eram autônomos credenciados pela Prefeitura. A empresa declarou que forneceu produtos aos trabalhadores e que está à disposição para colaborar com as investigações.


A Prefeitura de Salvador informou que adotou medidas para melhorar as condições de trabalho dos ambulantes, como isenção de taxas, cadastramento online e instalação de banheiros equipados. A administração municipal também disse que não foi autuada pelo MTE em relação ao caso.

Apoie jornalismo preto e livre!

O funcionamento da nossa redação e a produção de conteúdos dependem do apoio de pessoas que acreditam no nosso trabalho. Boa parte da nossa renda é da arrecadação mensal de financiamento coletivo.

Todo o dinheiro que entra é importante e nos ajuda a manter o pagamento da equipe e dos colaboradores em dia, a financiar os deslocamentos para as coberturas, a adquirir novos equipamentos e a sonhar com projetos maiores para um trabalho cada vez melhor.

O resultado final é um jornalismo preto, livre e de qualidade.

  • Giovanne Ramos

    Jornalista multimídia formado pela UNESP. Atua com gestão e produção de conteúdos para redes sociais. Enxerga na comunicação um papel emancipatório quando exercida com responsabilidade, criticidade, paixão e representatividade.

Leia mais

PUBLICIDADE

Destaques

Cotidiano