O Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) notificou a Ambev e a Prefeitura de Salvador por exploração de trabalho análogo à escravidão de 303 vendedores ambulantes durante o Carnaval de 2025. A fiscalização identificou condições degradantes, jornadas exaustivas e falta de infraestrutura básica para higiene e descanso.
Os vendedores, contratados para comercializar bebidas da Ambev, relataram que dormiam nas ruas, em barracas improvisadas ou diretamente no chão, expostos ao frio, à chuva e à violência urbana.
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As jornadas de trabalho chegavam a 20 horas diárias, sem intervalos adequados para descanso ou alimentação. Muitos não tinham acesso a banheiros adequados e eram obrigados a pagar para usar instalações em estabelecimentos comerciais.
O MTE apontou que a Ambev, além de patrocinadora, atuou como empregadora dos vendedores, controlando suas atividades e sendo responsável pelo pagamento de salários e direitos trabalhistas.
A Prefeitura de Salvador foi corresponsabilizada por firmar um contrato de exclusividade com a empresa e não garantir condições dignas de trabalho, caracterizando uma omissão na fiscalização.
Medidas adotadas após a fiscalização
Os trabalhadores resgatados receberam guias para acesso ao seguro-desemprego especial e ao pagamento das verbas rescisórias. O caso foi encaminhado ao Ministério Público do Trabalho (MPT) para adoção de medidas legais cabíveis. As autoridades competentes também foram acionadas para apurar possíveis responsabilidades criminais.
Em nota à imprensa, a Ambev afirmou que não havia relação empregatícia com os ambulantes, que eram autônomos credenciados pela Prefeitura. A empresa declarou que forneceu produtos aos trabalhadores e que está à disposição para colaborar com as investigações.
A Prefeitura de Salvador informou que adotou medidas para melhorar as condições de trabalho dos ambulantes, como isenção de taxas, cadastramento online e instalação de banheiros equipados. A administração municipal também disse que não foi autuada pelo MTE em relação ao caso.