Pesquisar
Close this search box.

Ato relembra os 52 anos do assassinato de Marighella

Familiares, movimentos sociais e frentes democráticas se reúnem no Cemitério Quinta dos Lázaros, em Salvador, para relembrar o legado do guerrilheiro assinado pela Ditadura Militar 

Texto: Redação | Foto: Divulgação

ato-marighella-ass-hilton-coelho

4 de novembro de 2021

O Movimento Pró-Memorial Marighella Vive realizou nesta quinta-feira (4), um ato em memória de Carlos Marighella, guerrilheiro comunista e considerado o inimigo número 1 da Ditadura Militar no Brasil, assassinado em 1969 por militares. A concentração acontece no Cemitério Quinta dos Lázaros, em Salvador, onde Marighella foi enterrado.

A homenagem foi feita no túmulo de Marighella, com um monumento idealizado pelo arquiteto Oscar Niemeyer, onde está inscrita uma das frases mais famosas do guerrilheiro: “Não tive tempo para ter medo”. O ato contou com a presença de familiares, movimentos sociais, culturais e frentes democráticas.

Quer receber nossa newsletter?

Você encontrá as notícias mais relevantes sobre e para população negra. Fique por dentro do que está acontecendo!

Durante o ato, a neta do líder baiano e vereadora de Salvador pelo PT, Maria Marighella, fez um discurso para relembrar a luta do avô e pediu comprometimento dos governos da Bahia e de Salvador para a construção de uma instituição voltada para a memória das obras de Marighella.

“Marighella é uma voz de denúncia, mas Marighella é anúncio, é a sua luta e suas palavras tão vigentes contra a caristia, contra a fome, pela distribuição de terras […] contra o genocídio da população originária, por direitos iguais entre homens e mulheres, pelo direito à cultura, contra a censura, pelo direito à fala livre. Marighella fala com esse Brasil marcha ré, que nós não deixaremos retroagir. Salvador e a Bahia precisam se comprometer com a memória desse homem porque a memória desse homem é a nossa memória, a nossa história”, disse a vereadora, que completou: “Marighella amou o Brasil, amou a sua gente, abriu mão de tudo: da sua família, do seu filho, de conhecer os seus netos, para se colocar em marcha, em luta por direitos e justiça”.

{gallery}Ato Marighella Salvador{/gallery}

O deputado Hilton Coelho (PSOL) também esteve presente e falou sobre a inspiração da história de Marighella para a população negra. Em discurso, ele ressaltou a importância de homenagear o líder baiano.

“A maior referência de Carlos Marighella para nós é porque ele era um rebelde sem vacilações, um rebelde do dia-a-dia, um rebelde que não se contentava em renunciar, a cada momento, esse ato de subversão. Mais do que nunca, nesse país de ultraliberalismo, neofascismo, e nesse mundo que o grande capital está destruindo a humanidade, nós precisamos cada vez mais de rebeldia. Por isso precisamos homenagear e transformar Carlos Marighella no nosso segundo Zumbi, na nossa segunda Dandara. O povo brasileiro merece essa vitória política”.

O filho único do guerrilheiro e pai de Maria Marighella, Carlos Augusto Marighella, agradeceu a homenagem à obra e memória do pai.

“Trouxemos aqui o nosso testemunho de admiração, carinho e respeito por esse brasileiro que a gente tanto respeita e do qual a gente muito se orgulha”.

Filme “Marighella” estreia nesta quinta (4)

A data do assassinato de Marighella também marca a data de estreia do filme que leva o nome do guerrilheiro, que tem estreia nacional em todos os cinemas do Brasil. Vale ressaltar que o filme, dirigido pelo ator baiano Wagner Moura, chegou a ser adiado após enfrentar sucessivos ataques e impasses da Agência Nacional do Cinema (Ancine). “Marighella” é protagonizado pelo ator e cantor Seu Jorge e a obra foca nos últimos cinco anos de vida do guerrilheiro (1964 a 1969), quando foi violentamente emboscado durante a Ditadura Militar.

A exibição também acontece no sábado (6), no assentamento Jacy Rocha, do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), em Prado, cidade ao sul da Bahia. O evento está marcado para às 18h e vai contar com a presença de Wagner Moura, integrantes do elenco, como Bruno Gagliasso e Henrique Vieira, familiares do líder baiano e de figuras políticas, como o deputado federal Valmir Assunção (PT). Ao todo, são esperas cerca de 1,2 mil pessoas.

Por causa da exibição do filme, outro assentamento chegou a ser alvo de um grupo armado, que fez trabalhadores de reféns e incendiou ônibus. Segundo o MST, a suspeita é que o grupo tenha envolvimento com movimentos bolsonaristas da cidade baiana de Teixeira de Freitas. Devido ao atentado, a Secretaria da Segurança Pública da Bahia (SSP-BA) enviou agentes para reforçar a segurança no local e o caso é investigado pela Polícia Civil.

Leia Mais

Destaques

AudioVisual

Podcast

papo-preto-logo

Cotidiano