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Bairros de maioria negra são onde as pessoas morrem mais cedo em São Paulo

29 de outubro de 2020

Mapa da Desigualdade 2020 também indica que casos de discriminação racial são mais comuns em bairros centrais e ricos

Texto: Juca Guimarães | Edição: Nataly Simões | Imagem: DiCampana Foto Coletivo

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A cidade de São Paulo é a mais rica do Brasil, mas ainda não conseguiu equacionar os indicadores de desigualdade social e econômica, sobretudo nos distritos onde a maior parte da população se autodeclara como negra. No geral, 35,3% dos paulistanos se consideram pretos ou pardos. É o que aponta o Mapa da Desigualdade 2020, divulgado pela Rede Nossa São Paulo nesta quinta-feira (29).

Os distritos com maior parte da população negra são Anhanguera (50,3%), Brasilândia (50,6%), Capão Redondo (53,9%), Cidade Ademar (50%), Cidade Tiradentes (56,1%), Grajaú (56,8%), Guaianases (51,5%), Iguatemi (50,9%), Itaim Paulista (54,8%), Jardim Angela (60,1%), Jardim Helena (54,7%), Jardim São Luís (51,3%), Lajeado (56,2%), Parelheiros (56,6%), Pedreira (52,4%) e Vila Curuçá (51,2%).

Segundo o estudo, os quatro distritos com a menor idade média ao morrer na capital paulista estão entre os com mais de 50% dos moradores negros: Jardim Angela (58,3 anos), Cidade Tiradentes (58,5 anos), Iguatemi (59,1 anos) e Grajaú (59,5 anos).

Nas regiões com a maior idade média ao morrer, o percentual de população negra é menor que 9%. No Jardim Paulista, a idade média ao morrer é de 81,5 anos e o percentual de negros é de 8,5%. No Alto de Pinheiros, a idade média ao morrer, em 2019, foi de 81,1 anos e tem 8,1% de população negra.

“A partir desses dados é possível atuar fortemente junto com organizações da sociedade civil para a construção de políticas públicas contra a desigualdade na cidade de São Paulo”, diz Jorge Abraão, coordenador geral do Instituto Cidades Sustentáveis e da Rede Nossa São Paulo.

Abraão destaca que a desigualdade é o maior problema da capital paulista. “É a origem de uma série de problemas e se conseguirmos enfrentá-la, vamos avançar”, afirma.

Injúria racial é menor nas periferias

A nova edição do Mapa da Desigualdade também reuniu os dados sobre o coeficiente de pessoas vítimas de racismo e injúria racial para cada 10 mil habitantes por bairro. A média da cidade ficou em dois casos para cada 10 mil por bairro.

Na Barra Funda foram 20,1 casos em 2019.  Na Sé, 24,2 casos. O Brás teve 13,5 casos e na República foram 12,7 casos. Nas periferias, por outro lado, o registro de casos de racismo e injúria racial ficaram abaixo da média. Lajeado (1,2), Anhanguera (0,4), Parelheiros (0,4), Itaim Paulista (1,3) e Jardim Angela (0,6).

Transporte e habitação

No Jardim Angela, na zona sul, distrito com o maior percentual de população negra, o tempo médio da viagem para o trabalho pelo transporte público é de 83,7 minutos com 2,4 transferências. A média na cidade é de 56,2 minutos de viagem e 1,9 transferência de modalidade de transporte público. Também no Jardim Angela, 61,5% das famílias não têm carro. A média da cidade para este indicador é de 45,5%.

Os distritos com mais negros também têm a maior concentração de famílias morando em favelas, de acordo com o estudo. No Jardim São Luis, 69,5% da população vive em favelas; Jardim Angela (53,9%); e Vila Andrade (34,7%).

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