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Banco do Brasil é denunciado por omissão em inquérito sobre reparação histórica

Carta aberta do Movimento Negro denuncia postura insuficiente em ação sobre envolvimento do banco no tráfico de escravizados e cobra ações concretas para a igualdade racial
Prédio do Banco do Brasil em Brasília, Distrito Federal. O Movimento Negro acusa a instituição de omissão e falta de compromisso no inquérito do MPF e no Pacto pela Igualdade Racial.

Foto: Rafa Neddermeyer/Agência Brasil

20 de dezembro de 2024

O Movimento Negro manifestou, por meio de uma carta aberta, críticas à atuação do Banco do Brasil (BB) em relação ao Inquérito Civil do Ministério Público Federal (MPF) que investiga o envolvimento histórico da instituição financeira no tráfico de pessoas escravizadas. 

No documento, as organizações denunciam a omissão e a falta de compromisso do banco no processo de reparação histórica e na implementação de ações efetivas para promover a igualdade racial.

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A crítica central recai sobre o “Pacto pela Igualdade Racial”, lançado pelo Governo Federal em parceria com diversas empresas, incluindo o Banco do Brasil. 

O documento do pacto foi descrito pelas lideranças como “uma carta de intenções” desprovida de cronogramas, metas concretas ou alocação de recursos específicos. 

Para o Movimento Negro, essa ausência de detalhamento reflete a falta de prioridade atribuída à luta pela equidade racial.

“Embora o Banco do Brasil tenha formalizado um pedido de desculpas em novembro de 2023 por seu envolvimento histórico no sistema escravocrata, a instituição segue sem apresentar ações estruturantes que demonstrem um verdadeiro compromisso com a reparação histórica”, aponta o documento.

Além da demora nas respostas, as organizações destacam que o BB tem delegado responsabilidades a políticas públicas já existentes, sem assumir um papel de protagonismo. 

Essa postura, argumentam, evidencia a negligência frente às demandas históricas da população negra brasileira, que compõe 56% da sociedade e enfrenta as maiores desigualdades sociais e econômicas.

Propostas do Movimento Negro

Entre as propostas enviadas pelo Movimento Negro estão políticas de ações afirmativas e reparações financeiras, elaboradas com base em estudos e diálogos com diversas lideranças. Apesar disso, segundo a carta, o banco tem se mostrado evasivo, mencionando limitações estatutárias como entrave para a execução das medidas.

A omissão do BB também foi observada em audiências públicas realizadas ao longo do último ano, nas quais, segundo o documento, a instituição apresentou justificativas desproporcionais e se eximiu de responsabilidades ao apontar que outras empresas e instituições também lucraram com a escravidão.

De acordo com a carta do Movimento Negro, tais argumentos não eliminam a dívida histórica do banco e reforçam a urgência de ações concretas.

“Não buscamos discursos ou consultas públicas. Buscamos justiça histórica, que inclui reparações financeiras e ações que promovam igualdade de oportunidades. A reparação não é caridade; é uma obrigação moral e um passo fundamental para uma sociedade mais justa”, enfatizam as organizações.

O MPF já recomendou que o Banco do Brasil utilize seus recursos para fortalecer políticas públicas voltadas à promoção da igualdade racial, mas, até agora, a instituição não deu respostas claras sobre como implementará tais medidas.


A Alma Preta procurou o Banco do Brasil e o Ministério Público Federal para repercutir as alegações, mas não houve retorno até a publicação deste texto. O espaço segue aberto.

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  • Giovanne Ramos

    Jornalista multimídia formado pela UNESP. Atua com gestão e produção de conteúdos para redes sociais. Enxerga na comunicação um papel emancipatório quando exercida com responsabilidade, criticidade, paixão e representatividade.

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