O Movimento Negro manifestou, por meio de uma carta aberta, críticas à atuação do Banco do Brasil (BB) em relação ao Inquérito Civil do Ministério Público Federal (MPF) que investiga o envolvimento histórico da instituição financeira no tráfico de pessoas escravizadas.
No documento, as organizações denunciam a omissão e a falta de compromisso do banco no processo de reparação histórica e na implementação de ações efetivas para promover a igualdade racial.
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A crítica central recai sobre o “Pacto pela Igualdade Racial”, lançado pelo Governo Federal em parceria com diversas empresas, incluindo o Banco do Brasil.
O documento do pacto foi descrito pelas lideranças como “uma carta de intenções” desprovida de cronogramas, metas concretas ou alocação de recursos específicos.
Para o Movimento Negro, essa ausência de detalhamento reflete a falta de prioridade atribuída à luta pela equidade racial.
“Embora o Banco do Brasil tenha formalizado um pedido de desculpas em novembro de 2023 por seu envolvimento histórico no sistema escravocrata, a instituição segue sem apresentar ações estruturantes que demonstrem um verdadeiro compromisso com a reparação histórica”, aponta o documento.
Além da demora nas respostas, as organizações destacam que o BB tem delegado responsabilidades a políticas públicas já existentes, sem assumir um papel de protagonismo.
Essa postura, argumentam, evidencia a negligência frente às demandas históricas da população negra brasileira, que compõe 56% da sociedade e enfrenta as maiores desigualdades sociais e econômicas.
Propostas do Movimento Negro
Entre as propostas enviadas pelo Movimento Negro estão políticas de ações afirmativas e reparações financeiras, elaboradas com base em estudos e diálogos com diversas lideranças. Apesar disso, segundo a carta, o banco tem se mostrado evasivo, mencionando limitações estatutárias como entrave para a execução das medidas.
A omissão do BB também foi observada em audiências públicas realizadas ao longo do último ano, nas quais, segundo o documento, a instituição apresentou justificativas desproporcionais e se eximiu de responsabilidades ao apontar que outras empresas e instituições também lucraram com a escravidão.
De acordo com a carta do Movimento Negro, tais argumentos não eliminam a dívida histórica do banco e reforçam a urgência de ações concretas.
“Não buscamos discursos ou consultas públicas. Buscamos justiça histórica, que inclui reparações financeiras e ações que promovam igualdade de oportunidades. A reparação não é caridade; é uma obrigação moral e um passo fundamental para uma sociedade mais justa”, enfatizam as organizações.
O MPF já recomendou que o Banco do Brasil utilize seus recursos para fortalecer políticas públicas voltadas à promoção da igualdade racial, mas, até agora, a instituição não deu respostas claras sobre como implementará tais medidas.
A Alma Preta procurou o Banco do Brasil e o Ministério Público Federal para repercutir as alegações, mas não houve retorno até a publicação deste texto. O espaço segue aberto.