A programação do Mad In Brazza, festival de rap e trap que acontece na região sul do Brasil, contou com artistas renomados como Major RD, Kayblack, Orochi, entre outros, além da batalha de rima. Relatos nas redes sociais apontam que a edição de 27 de abril, em Florianópolis (SC), ficou marcada por problemas de estrutura, agressão a artistas independentes e censura à expressão da cultura periférica.
Artistas locais testemunharam ainda falta de água e pulseiras, além do cancelamento da final por críticas ao ex-presidente Jair Bolsonaro. A Dre Araujo MC, artista convidada do evento, usou a internet para expor os diversos problemas do festival.
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Segundo ela, em uma das fases da batalha de rima, MCs mencionaram Bolsonaro de forma negativa, o que causou um desconforto por parte da produção do evento, que optou por cancelar a final.
“Fomos constrangidos e desrespeitados desde o começo, nem água eles ofereceram para a gente. Foi passada a informação de que não queriam colocar a batalha nesse evento porque a batalha é política e fala sobre o que realmente o Hip-Hop é. Na minha batalha com o mano Jhones, o Bolsonaro foi citado de forma negativa. Isso gerou um impacto na galera da produção e simplesmente tiraram a final”, explica a MC.
A artista explicou que as pulseiras cedidas aos MCs não davam acesso total ao palco, o que causou confusão e mais constrangimentos, já que os artistas foram barrados diversas vezes. Durante o show do Planet Hemp, por exemplo, MC Dre estava voltando do palco, após tirar uma foto com o vocalista, Marcelo D2, e foi puxada pelo braço com agressividade por uma mulher que fazia a segurança.
Dre ainda informou que foi tratada com descaso e houve uma confusão generalizada. “Ela não me ouviu. Eu tentava falar, e ela apertava meu braço e a todo momento mostrava agressividade.” A polícia foi chamada, a artista quis prestar queixa e os agentes se negaram a ouvi-la, porque a produção alegou que ela agrediu a segurança. Outras pessoas que estavam no evento também relataram agressões e insultos por parte da equipe de segurança do evento.
A Alma Preta entrou em contato com a produção do evento, que ainda não se pronunciou sobre o caso. O espaço segue aberto.