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Brasil precisa fortalecer participação social para combater desigualdades, aponta relatório

Avanços em inclusão social e retrocessos com austeridade marcam o balanço de uma década; mudanças climáticas e desigualdades de gênero e raça seguem como desafios
Imagem de uma mulher negra refletida por um espelho quebrado, ao fundo a imagem de uma periferia. Relatório da Oxfam Brasil faz um levantamento de retrocessos e avanços na desigualdade social do Brasil entre 2014 e 2024.

Foto: Reprodução/Oxfam Brasil

11 de dezembro de 2024

A Oxfam Brasil lançou na terça-feira (10) o relatório “Um Retrato das Desigualdades Brasileiras: 10 anos de desafios e perspectivas”, que traz uma análise das desigualdades sociais no país entre 2014 e 2024. 

O documento destaca avanços importantes, como a saída de 14,7 milhões de pessoas da fome extrema em 2023 e o aumento da presença de estudantes negros nas universidades públicas, e alerta para retrocessos causados por políticas de austeridade e a persistência de desigualdades estruturais.

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Entre os progressos destacados, o relatório aponta a redução do Índice de Gini para 0,504 em 2014, reflexo de políticas redistributivas no governo Dilma Rousseff. Outro dado é o impacto positivo das cotas raciais, que elevaram a participação de estudantes negros nas universidades públicas de 40% (2011) para 51% (2019). 

Segundo a organização, a expansão de programas como o Bolsa Família também trouxe alívio imediato aos brasileiros, contribuindo para a redução da fome extrema em 2023.

Retrocessos e desigualdades persistentes

Por outro lado, medidas como a Emenda Constitucional 95, que congelou os gastos públicos, tiveram impactos negativos significativos, comprometendo áreas essenciais como saúde e educação. “Essa política afetou diretamente os mais vulneráveis, perpetuando desigualdades”, destaca o relatório.

A extinção do Conselho Nacional Segurança Alimentar e Nutricional (Consea) em 2019 pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) também contribuiu para o aumento da pobreza e o retorno do Brasil ao Mapa da Fome.

As desigualdades de gênero e raça também permanecem evidentes. Em 2023, homens brancos, que representam apenas 24,57% da população, tiveram mais de 35% da renda total do país. Mulheres negras, embora tenham aumentado sua participação nos rendimentos de 12,38% (2013) para 15,01% (2023), ainda enfrentam desvantagens significativas em relação a outros grupos.

O relatório aborda ainda a vulnerabilidade das populações mais pobres diante das mudanças climáticas. Eventos extremos, como inundações e secas, têm atingido desproporcionalmente mulheres negras e comunidades periféricas, aprofundando ciclos de pobreza. 

“A justiça climática é crucial para combater desigualdades e salvar vidas em um cenário de agravamento da crise ambiental”, destaca o texto.

O documento chama atenção para a importância de fortalecer a democracia e ampliar a participação social como meios de enfrentar desigualdades e conter crises. Políticas redistributivas retomadas recentemente, como a expansão do Bolsa Família, já apresentam efeitos positivos. 

“O Brasil tem uma oportunidade histórica de reverter retrocessos e construir uma sociedade mais justa e igualitária”, afirma Viviana Santiago, diretora-executiva da Oxfam Brasil, em nota para a imprensa.

  • Giovanne Ramos

    Jornalista multimídia formado pela UNESP. Atua com gestão e produção de conteúdos para redes sociais. Enxerga na comunicação um papel emancipatório quando exercida com responsabilidade, criticidade, paixão e representatividade.

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