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Campanha pede anulação de pena de homem negro condenado à morte nos EUA

Não há provas contra Rocky Myers, que está no corredor da morte desde 1993; o acusado sofre de deficiência intelectual, mas condição não foi levada ao júri
Apesar do júri ter optado por prisão perpétua, o juíz do caso condenou Rocky Myers à morte.

Foto: Reprodução/Anistia Internacional

18 de junho de 2024

A Anistia Internacional está com uma petição online pedindo a anulação da pena de morte do afro-americano Rocky Myers. O homem negro se encontra no corredor da morte desde 1993, acusado de matar uma mulher branca e idosa.

Em 1991, na cidade de Decatur, Alabama (EUA), a vida de Rocky Myers mudou para sempre. De acordo com informações da Anistia, Rocky  morava do outro lado da rua em que ocorreu o assassinato da mulher. Apesar de nenhuma evidência que o ligue à cena do crime, Rocky foi condenado à morte.

A Anistia Internacional enfatiza que os depoimentos do caso foram marcados por inconsistências e alegações de abuso policial, pois uma testemunha-chave afirmou mais tarde que mentiu durante o julgamento. Um júri composto por 11 pessoas – sendo dez brancas – o considerou culpado, mas recomendou uma sentença de prisão perpétua. O juiz, em vez disso, condenou Rocky à morte deliberadamente.

Com uma representação legal ineficaz e abandonado por seu advogado após a condenação, Rocky perdeu prazos para recursos. Sua execução pode ser marcada a qualquer momento, e sua única esperança é que o governador do Alabama lhe conceda clemência.

Em um vídeo que faz parte da campanha a favor de Rocky Myers, a própria neta da idosa – que não tem o nome revelado – afirma “meu coração dói por ele [Rocky]. E estou aqui para tentar ajudá-lo”. 

Aos 11 anos, Rocky foi diagnosticado com deficiência intelectual. Ele acha difícil ler e não consegue guardar datas ou horários corretamente em sua cabeça. Segundo a advogada de Myers, Kacey Keeton, este é um caso em que um homem negro com deficiência intelectual ficou em desvantagem desde o início por causa da pobreza e de um sistema de justiça falho. 

“Quando o advogado estadual pós-condenação de Rocky o abandonou no meio do recurso, Rocky não tinha ideia do que havia acontecido. Ele presumiu que tudo estava avançando. Só quando recebeu uma carta do Procurador-Geral é que soube que o seu direito de recurso tinha expirado e que o Alabama estava a avançar para definir uma data de execução”, disse a jurista em entrevista ao jornal Newsweek.

Keeton afirma ainda que, inicialmente, Rocky foi designado para um advogado que anteriormente representava regularmente a Ku Klux Klan.

A campanha pedindo clemência a Rocky Myers possui adeptos em todo o mundo, mas nenhuma decisão foi proferida pela Suprema Corte norte-americana até o momento.

  • Caroline Nunes

    Jornalista, pós-graduada em Linguística, com MBA em Comunicação e Marketing. Candomblecista, membro da diretoria de ONG que protege mulheres caiçaras, escreve sobre violência de gênero, religiões de matriz africana e comportamento.

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