Por: Iacy Correa e Mariane Barbosa
Conselheira e uma das fundadoras do Centro de Estudos das Relações de Trabalho e Desigualdades (Ceert), a psicóloga, pesquisadora e ativista Cida Bento esteve presente na França, durante a última semana, para um breve tour de lançamento da edição em francês de seu livro “O Pacto da Branquitude”. A turnê já passou pelas cidades francesas de Paris, Lyon e Marselha. Nesta terça-feira (17), o evento se encerra em Bruxelas, às 18h, no La Bellone Café.
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A obra propõe uma análise do modo como a branquitude continua a reger a organização das sociedades contemporâneas e a influenciar as nossas trajetórias individuais. Em entrevista à Alma Preta durante evento em Marselha, Cida Bento reforçou a importância de analisar a colonização europeia e seus desdobramentos em diferentes países ao redor do mundo, inclusive no Brasil.
“Penso que falar sobre essa herança concreta e simbólica que vem da colonização e da escravidão abre outros horizontes para discutirmos e traz o negro para esta história na qual ele sempre esteve, mas invisibilizado“, diz a ativista, eleita em 2015 pela revista The Economist uma das 50 pessoas mais influentes do mundo no campo da diversidade.
Em sua visão, é necessário refletir a condição de “países civilizados” a partir da história europeia na construção da civilização, tema que aborda em sua obra. “A gente precisa refletir sobre isso e o quanto esse processo de colonização exportou violência e corrupção para países como o Brasil“, pontua.
Para Renata Pires-Sola, fotógrafa, artista visual e mediadora cultural, que acompanhou o lançamento do livro em Marselha, cidade no sul da França, a tradução em francês da obra de Cida Bento é de extrema importância para ampliar o debate sobre o racismo no país.
“Acho que é leitura obrigatória para qualquer pessoa, independente da sua cor de pele. Esse tipo de temática é muito importante aqui na Europa, sobretudo na França, que tem esse contexto atual tendendo muito para o fascismo e extrema-direita. E a França tem esse traço extremamente problemático que não autoriza a contagem de pessoas pela raça e isso dificulta muito os processos de luta e propostas de políticas públicas para diminuir os casos de racismo que acontecem aqui. O encontro foi super emocionante e inspirador”, relata.
A tradução e distribuição do livro “O Pacto da Branquitude” foi realizada pela Editora Anacaona, cujo foco está na literatura marginal, escrita por minorias raciais ou socioeconômicas. Em sua galeria é possível encontrar traduções de outras autoras negras como Djamila Ribeiro e Sueli Carneiro.