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Com sabores africanos, Feira Preta celebra 18 anos de histórias

7 de dezembro de 2019

Neste ano, a programação artística e cultural, foi pensada a partir da trajetória do evento e do foco em unir experiência, design e conexão

Texto / Lucas Veloso | Edição / Simone Freire | Imagem / Lucas Veloso/Alma Preta

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“Não vai faltar comida africana para quem vier aqui”. É o que garante a chef gastronômica Ana Rita da Encarnação, criadora da Ojó Baiano. Ela é uma das dezenas de expositores da Feira Preta, o maior evento de cultura e empreendedorismo negro da América Latina. Em 2019, a atividade celebra 18 anos de existência neste fim de semana, 7 e 8 de dezembro, no Memorial da América Latina, em São Paulo (SP).

Ana se apresenta como pesquisadora da comida baiana e africana. “Sou militante do movimento negro e tenho essa relação com África, além disso, sou adepta de religião de matriz africana”, explica. Ela acredita que os brasileiros ainda não conhecem a culinária africana, apesar da influência do continente na cultura brasileira.

“Eu quero oferecer uma oportunidade para quem não conhece o bolinho do estudante, a cocada preta, a pamonha de carinhanha ou o cuscuz”, exemplifica ela, que nos dois dias vai oferecer xinxim de galinha em seu espaço.

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Ana Rita da Encarnação, e Dandara, sua filha, participam da 18ª edição da Feira Preta. Foto: Lucas Veloso / AlmaPreta.

O prato é feito de galinha refogada com camarão, além de outros ingredientes, como óleo de dendê, camarão, castanha de caju, amendoim. Depois de misturados, a comida é refogada e fica pronta depois de duas horas. “Como todo prato africano, você não pode ver o ingrediente, porque ele tem que ficar misturado. Só pode sentir o gosto”, ressalta Ana.

Nesta edição, a culinária ganhou mais destaque na Feira. São dois centros gastronômicos, com dezenas de opções, entre pratos quentes e frios.

Da periferia da Zona Leste de São Paulo, a confeiteira Thais de Melo Alves também integra a relação dos gastrônomos da Feira. Para criar a Qumbe, ela fez uma pesquisa sobre as origens dos doces brasileiros que, para ela, são muitos parecidos com os africanos, sobretudo de países como Gana, Angola e Congo.

“Estou trazendo pra cá as nossas raízes. Quando esses doces vieram pra cá, foram modificados, como o ‘koekisters’, que lembra o bolinho de chuva, mas depois que frita, a gente emerge numa calda de canela, gengibre, canela e açúcar”, comenta.

A secretária Paula Andrade e o músico Alan Almeida experimentaram alguns pratos no local. Para eles, faltam espaços onde a culinária negra ganhe destaque, como acontece no evento. “Eu nunca tinha visto tantas opções juntas. Acredito que um dos potenciais do evento é mostrar pra nós, os negros, como nossa ancestralidade vai além da beleza e das vestimentas”, define Paula.

A feira

Entre as atrações musicais, a cantora Larissa Luz, Linn da Quebrada, Drik Barbosa, Danna Lisboa, Senzala Hi-Tech e o Samba da Laje foram os responsáveis pela trilha sonora do dia.

A primeira mesa deste sábado tratou sobre empreendedorismo periférico com Andreza Delgado, da Perifacon, Bruno Ramos, da entidade Favela no Poder, Raquel Motta, da Sue the Real e o artista multimídia, Toni Baptiste. A mediação ficou a cargo da criadora da Feira Preta, Adriana Barbosa.

18 anos

Neste ano, a programação do evento foi construída com base na trajetória da Feira, pensada para unir experiência, design e conexão. Com o tema “Passado, Presente e Futuro”, a edição se propôs a responder de onde vieram, onde estão e para onde vão a arte, a cultura e o empreendedorismo das pessoas negras.

No Memorial, a Feira está dividida em espaços temáticos – o Afroempreendedores, Preta Inova, Preta Fala, Preta Degusta, Erê (Infantil) e Saúde e Bem Estar e – que unem conteúdos sobre diferentes temas que atravessam diferentes áreas de atuação, da militância ao entretenimento, além do mundo dos negócios e oportunidades de trabalho.

A Feira Preta nasceu em 2002, criada por Adriana Barbosa, como uma feira de produtos de empreendedores afro brasileiros. Ao longo dos anos, cresceu e se tornou uma plataforma de criação de projetos para valorização da cultura negra no país. Hoje, é considerada referência de empreendedorismo social.

A primeira edição do evento reuniu 40 expositores e um público de 5 mil pessoas na Zona Oeste de São Paulo. Na edição de 2017, a feira reuniu um público de 20 mil pessoas. No ano passado, o público superou de 50 mil. A edição deste ano conta com mais de 100 expositores.

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