Uma comunidade quilombola próxima ao município de Mariana (MG) solicitou uma audiência à Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) para denunciar os casos de racismo ambiental e as violações de direitos humanos enfrentados pelos povos tradicionais após o rompimento da barragem do Fundão, em 2015.
Segundo a Associação Quilombola da Comunidade Santa Efigênia e Adjacentes, que representa os povos tradicionais da região, os habitantes vivem uma situação “gravíssima” desde então. A estrutura pertencia à Samarco, consórcio formado entre as empresas Vale e BHP.
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Os moradores relaram que, além dos danos ambientais imediatos, a tragédia causou perturbações climáticas regionais que resultaram em perdas econômicas significativas e fragilização de culturas e tradições para as comunidades afetadas.
Além disso, os povos tradicionais da região expressaram preocupação de que o Estado tem falhado reiteradamente em sua obrigação de responsabilizar as empresas envolvidas, deixando de prestar assistência à população afetada e de garantir proteção contra danos ambientais persistentes.
O documento também aponta que, apesar da comunidade estar localizada a cerca de 60 quilômetros da barragem e ter enfrentado impactos devastadores, a Fundação Renova, responsável pelas reparações, não reconhece a região da comunidade como parte do território afetada pela tragédia.
Ainda segundo a associação, outras comunidades atingidas passaram a habitar dentro do território quilombola, e embora uma estação de tratamento de água tenha sido construída na área em que vivem, eles ainda não têm acesso ao saneamento básico. O pedido enfatiza que medidas necessárias, como análises técnicas da água e do meio ambiente da região, ainda não foram tomadas.