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Comunidades quilombolas de Santa Catarina iniciam processo para reconhecimento dos territórios

UFSC e Incra firmam parceria para elaboração de relatórios antropológicos, primeiro passo para a regularização das terras quilombolas
Povos quilombolas de Santa Catarina (SC) em reunião de processo de reconhecimento de seus territórios com representantes da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), em fevereiro de 2025.

Povos quilombolas de Santa Catarina (SC) em reunião de processo de reconhecimento de seus territórios com representantes da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), em fevereiro de 2025.

— Reprodução/Incra SC

27 de fevereiro de 2025

As comunidades quilombolas de Tabuleiro, Caldas do Cubatão e Ilhotinha, localizadas nos municípios de Santo Amaro da Imperatriz e Capivari de Baixo, em Santa Catarina, deram início ao processo de reconhecimento de seus territórios pelo Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra). 

O primeiro passo desse processo será a elaboração dos relatórios antropológicos, viabilizados por meio de um Termo de Execução Descentralizado (TED) firmado entre a Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) e o Incra.

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O TED tem vigência até dezembro de 2025, podendo ser prorrogado, e prevê um investimento de R$ 864 mil para a realização dos estudos. Os relatórios irão detalhar a caracterização histórica, econômica, sociocultural e ambiental das comunidades, que já possuem certidão de autorreconhecimento expedida pela Fundação Cultural Palmares (FCP).

Pesquisa interdisciplinar

Na UFSC, o trabalho é coordenado pelos professores Miriam Hartung, do Departamento de Antropologia, e Henrique Espada, do Departamento de História, com a participação de estudantes dos Programas de Pós-Graduação em História e Antropologia. A professora Vera Lúcia Nehls Dias, do Departamento de Geografia da Universidade do Estado de Santa Catarina (Udesc), também integra a pesquisa.

Segundo Miriam Hartung, os relatórios antropológicos são fundamentais para documentar a história e a organização social e cultural das comunidades. O conhecimento gerado será compartilhado com o Incra e as comunidades, além de contribuir para a pesquisa acadêmica sobre quilombolas em Santa Catarina.

A professora destaca que as áreas de Antropologia, História e Geografia atuarão de forma interdisciplinar, com equipes realizando levantamentos de campo e documentais conforme cronogramas específicos. A pesquisa de campo em Antropologia começará ainda em fevereiro e a entrega final dos relatórios ao Incra está prevista para dezembro de 2025.

Caminho para a titulação dos territórios

A elaboração do relatório antropológico é a primeira etapa do processo de reconhecimento dos territórios quilombolas. O documento subsidia o Relatório Técnico de Identificação e Delimitação (RTID), que inclui o levantamento fundiário, planta e memorial descritivo das áreas, cadastro das famílias quilombolas e pareceres técnicos e jurídicos. Após a publicação do relatório no Diário Oficial da União, há um prazo de 90 dias para contestação.

Com a análise das contestações, o Incra pode publicar uma portaria reconhecendo oficialmente o território quilombola. Nos casos em que há imóveis privados na área, um Decreto Presidencial de Desapropriação por Interesse Social pode ser necessário. Quando o Incra adquire a posse dos imóveis, os títulos coletivos são emitidos em nome da associação quilombola, a fim de garantir a segurança territorial das comunidades.

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  • Giovanne Ramos

    Jornalista multimídia formado pela UNESP. Atua com gestão e produção de conteúdos para redes sociais. Enxerga na comunicação um papel emancipatório quando exercida com responsabilidade, criticidade, paixão e representatividade.

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