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Comunidades rurais negras lutam por acesso à água no Vale do Jequitinhonha

Cartilha expõe os impactos da crise climática nas comunidades rurais negras que enfrentam a falta de acesso a direitos básicos
Mulheres e crianças negras de comunidades rurais do Vale do Jequitinhonha lavam roupas em rio.

Mulheres e crianças negras de comunidades rurais do Vale do Jequitinhonha lavam roupas em rio.

— Divulgação/Lori Figueiró

27 de fevereiro de 2025

Em um cenário de vulnerabilidade diante da crise climática, as comunidades negras rurais do Vale do Jequitinhonha, em Minas Gerais, enfrentam uma luta diária pela sobrevivência. A informação consta na cartilha “A água é a terra onde tudo o que se planta nasce”, lançada  pelo Centro Brasileiro de Justiça Climática(CBJC), em parceria com a rede Clímax Now e o Observatório do Jequitinhonha.

A publicação aponta a luta diária das comunidades afetadas pelo racismo ambiental e o efeito desigual da crise climática em populações marginalizadas. O documento também destaca a importância da preservação e do acesso à água potável e segura para garantir a sobrevivência dessas populações. 

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De acordo com a cartilha, apenas 32% das residências rurais no Brasil contam com abastecimento seguro de água e 75% das moradias não dispõem de tratamento de esgoto. Os impactos da escassez hídrica atingem de forma desigual as comunidades rurais, que dependem de nascentes e poços para sobreviver em locais onde a infraestrutura de saneamento é praticamente inexistente.

Além dessa escassez, as comunidades rurais sofrem com secas prolongadas e enchentes que comprometem a disponibilidade da água, saúde, a produção de alimentos e principalmente a qualidade de vida. A área do Vale do Jequitinhonha acomoda ao todo 584 comunidades quilombolas.

Preservação e resistência 

Para garantir a preservação desses locais e a sua sobrevivência, são utilizados poços de cacimba e cisternas, fundamentais para conservar a água durante os períodos de seca. 

Segundo o documento, essas práticas mostram a resiliência das comunidades e evidenciam a ausência de políticas públicas na garantia de recursos básicos. O local possui nascentes e pequenos corpos d’água, considerados símbolos de conexão ancestral e que representam a cultura dessas populações com a terra.

“Essas comunidades não enfrentam apenas a escassez de água, mas uma luta pela sobrevivência em um cenário cada vez mais hostil. A crise climática transforma as secas e enchentes em ameaças constantes, afetando tudo: desde a saúde até a produção de alimentos. É uma situação que exige resposta urgente, pois, para essas populações, cada gota preservada é uma vitória”, explica Joelma Gomes Ferreira, arquiteta e urbanista, pesquisadora sobre justiça climática e uma das autoras da cartilha. 

O documento é uma manifestação sobre a urgência de ações para garantir o acesso à água como um direito humano e ambiental para todos. A cartilha ainda propõe soluções para preservação ambiental dos recursos hídricos presentes nos territórios tradicionais, o fortalecimento das práticas de manejo sustentável da água – incluindo o tratamento de esgoto e saneamento básico–  e a implementação de políticas públicas inclusivas.

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