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De vendas no metrô até a criação de marca própria: afroempreendedora dribla os desafios e realiza seu sonho

“Quando fazemos o que gostamos, mesmo que seja muito árduo, ainda assim é mais fácil de suportar e encontrar outras saídas”, comenta Amanda Santos, idealizadora da AMD Moda Feminina

A afroempreendedora Amanda Santos, detentora da marca AMD Moda Feminina

Foto: A afroempreendedora Amanda Santos, detentora da marca AMD Moda Feminina

17 de dezembro de 2021

“Eu nunca imaginei que seria possível um dia viver do meu sonho de trabalhar com roupas, que é algo que eu amo”, compartilha a afroempreendedora Amanda Santos, de 28 anos, nascida e criada na Cohab II, em São Paulo, e detentora da marca AMD Moda Feminina.

Desde muito jovem, a mulher negra conta que tinha o sonho de possuir seu próprio negócio. Ela relembra que na quinta série do ensino fundamental, quando tinha 10 anos, vendia trufas, pão de mel e bijuterias para os colegas da escola, a fim de ajudar com as contas de casa e poder comprar coisas para si. De origem humilde, o trabalho sempre esteve inserido na sua rotina.

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“Os coleguinhas da escola até zombavam de mim, mas eu não ligava para isso. E, após concluir o ensino médio, fiz um cursinho, estudei e consegui uma bolsa integral para estudar gestão financeira, minha primeira graduação”, relembra Amanda.

Mercado de trabalho

A venda de roupas sempre significou uma renda extra na vida da afroempreendedora Amanda Santos. Mesmo assim, o negócio acabou trazendo duas experiências de falência à ela, que obrigaram a jovem a voltar ao mercado de trabalho convencional.

“Quando fazemos o que gostamos, mesmo que seja muito árduo, ainda assim é mais fácil de suportar e encontrar outras saídas. Eu tive a oportunidade de criar uma carreira no mercado comercial, mas optei por fazer o que amo que é trabalhar com moda”, avalia.

Em 2020, ela começou a trabalhar numa grande empresa de turismo. Mesmo em um bom cargo e com um salário competitivo, ela não se sentia feliz e realizada. A partir desta frustração, ela decidiu arriscar de fato em uma marca própria. Por não possuir loja física no início, ela vendia em estações de metrô, tentando fazer o negócio crescer.

“O público comprou a ideia. Eu vendia as roupas na hora de almoço da empresa, a noite fazia entregas nas estações de metrô e, aos finais de semana, ainda ia até a casa de minhas clientes com um carrinho cheio de roupas, pegando metrô, ônibus, andando a pé”, conta.

AMD Moda Feminina

Com amigos sendo seus primeiros investidores, além de contar com o apoio da família – principalmente sua mãe e seu marido – Amanda criou a AMD Moda Feminina – uma marca humanizada de roupas inclusivas, focada na mulher brasileira e no bem estar.

“Com um investimento inicial de R$ 400, após encontrar o meu segmento neste nicho de mercado, as coisas começaram a melhorar”, explica a afroempreendedora.

Pensando na diversidade de corpos femininos, Amanda percebeu a carência em atender tamanhos maiores. “Foi exatamente aí que veio o meu diferencial. Nós confeccionamos roupas do 36 ao 52 e a ideia é expandir até o 60. Produzimos roupas para corpos reais, para corpos com curvas principalmente”, salienta.

A principal dificuldade no caminho, de acordo com ela, é o acesso ao crédito para empreendedores. Ela ressalta que mesmo tendo o nome regularizado, parece que isso não é suficiente. Equilibrar a rotina de trabalho com estudos e maternidade também é um desafio que acomete mais mulheres negras, segundo ela.

“Não tem horário certo de trabalho e a atenção à família muitas vezes fica a desejar. A falta de respeito, infelizmente, também é algo que pesa. Além disso, é difícil outros empresários me verem como empresária, de colocarem fé de que realmente eu possuo um negócio próprio. Sinto que sempre tenho que estar provando algo”, pondera.

Projetos para o futuro

“Empresas abertas como MEI [Microempreendedor Individual] são compostas por pessoas negras e, a maior parte delas, por mulheres. Sei que muitas optam por empreender por não ter outra opção ou falta de oportunidade no mercado. Eu acredito que é importante ter a mulher negra fazendo o que ela ama de verdade!”, avalia a afroempreendedora.

Amanda Santos, atendendo as clientes na AMD Moda Feminina | Créditos: Acervo PessoalAmanda Santos atendendo as clientes na AMD Moda Feminina | Créditos: Acervo Pessoal

Atualmente, Amanda possui loja física e uma equipe com quatro funcionários. A empresária pretende continuar sua trajetória dentro do mundo da moda, crescendo junto com o mercado. Ela estuda Direção Criativa e Styling de Moda e está expandindo cada vez mais seus horizontes com o objetivo de continuar fazendo o que sempre sonhou em fazer.

“A curto prazo, pretendo abrir um espaço no centro de São Paulo para que fique mais acessível às clientes. Quero também aumentar a escala de confecção, em número de peças e numerações. Uma filial no Rio de Janeiro também está nos planos. Já em longo prazo, desejo estender o projeto para confecção de masculino e infantil”, finaliza.

Leia também: ‘Afroempreendedora supera câncer de mama e abre clínica de estética voltada à população negra’

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