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Disparidade salarial e falta de proteção previdenciária marcam trabalho informal no Brasil

Publicação do MIR e UFSC revela impactos de raça, gênero, classe e território em 21,5 milhões de trabalhadores informais no Brasil
Apresentação da cartilha sobre desigualdades sociais no trabalho informal.

Apresentação da cartilha sobre desigualdades sociais no trabalho informal.

— Gabriel Teles/MIR

18 de março de 2025

O Ministério da Igualdade Racial (MIR) e a Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) lançaram uma cartilha que detalha as desigualdades sociais no trabalho por conta própria. O estudo, realizado em parceria com o Laboratório de Sociologia do Trabalho (Lastro) e a Rede Brasil Afroempreendedor (Reafro), analisa como fatores como raça, gênero, classe e território afetam essa modalidade de trabalho, que envolve 21,5 milhões de pessoas no país.

A pesquisa utiliza dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNADC) de 2019 e 2023, mostrando que a pandemia de Covid-19 intensificou as desigualdades. O trabalho por conta própria, que inclui microempreendedores individuais (MEI) e profissionais liberais, é marcado pela falta de proteção previdenciária e por disparidades salariais.

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A cartilha evidencia que a informalidade atinge de maneira desigual diferentes grupos sociais. Cerca de 35% dos trabalhadores por conta própria são homens negros, enquanto 27% são homens brancos. As mulheres negras representam 20% desse grupo, contra 18% de mulheres brancas. 

O estudo aponta que mulheres negras são as mais presentes nas faixas de renda mais baixas, com 37,13% recebendo até R$ 650, e apenas 6,15% ganham mais de R$ 5.200. Em contramão, 12,24% de homens brancos recebem até R$ 650 e 51,24% mais de R$ 5.200.

Entre os aspectos apontados na publicação, estão a baixa escolaridade, a dificuldade de acesso ao crédito e a falta de reconhecimento legal da atividade autônoma. Além disso, a discriminação racial e de gênero agrava a vulnerabilidade desses trabalhadores, limitando oportunidades e perpetuando desigualdades estruturais.

Propostas e recomendações

O documento sugere políticas públicas para reduzir desigualdades no setor, incluindo programas de qualificação profissional, incentivos à formalização e maior proteção social para trabalhadores autônomos. A cartilha também enfatiza a importância de medidas para ampliar o acesso ao crédito e garantir direitos trabalhistas a esses profissionais.

A publicação está disponível gratuitamente nos sites do MIR e da UFSC, permitindo o acesso de pesquisadores, gestores públicos e trabalhadores interessados no tema.

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  • Giovanne Ramos

    Jornalista multimídia formado pela UNESP. Atua com gestão e produção de conteúdos para redes sociais. Enxerga na comunicação um papel emancipatório quando exercida com responsabilidade, criticidade, paixão e representatividade.

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