PUBLICIDADE
PUBLICIDADE

Dono da Flamboyant já esteve na lista do trabalho escravo e foi condenado após vaqueiro morrer em fazenda

Em operação de 2007, foram resgatados 23 trabalhadores em condições análogas à escravidão em fazenda em Ipixiuna do Pará. Atualmente, Ivandilson não integra mais a Lista Suja.
O primeiro projeto com essa finalidade foi criado em 2003 e o segundo passou a ser utilizado em 2008.

O primeiro projeto com essa finalidade foi criado em 2003 e o segundo passou a ser utilizado em 2008.

— Reprodução/Sérgio Carvalho/MTE

12 de fevereiro de 2025

O pecuarista Ivandilson da Costa Melo, pai de Yasmin de Lima Melo, ré por homicídio após se envolver em acidente com motociclista, entrou em 2013 na “lista suja” do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE).

Além de fazendeiro, ele é proprietário da Flamboyant, uma das maiores indústrias alimentícias da Região Norte, com atuação também no Nordeste.

Quer receber nossa newsletter?

Você encontrá as notícias mais relevantes sobre e para população negra. Fique por dentro do que está acontecendo!

Em operação conjunta, o MTE junto com o Ministério Público do Trabalho (MPT), a Polícia Federal e a Polícia Rodoviária Federal resgatou 23 trabalhadores em condições análogas à escravidão na Fazenda Pau D’Arco, em Ipixiuna do Pará.

Segundo arquivos da Repórter Brasil, a ação ocorreu em dezembro de 2007.

Atualmente, Ivandilson não integra mais a Lista Suja. A última atualização do documento é de 9 de janeiro de 2025.

Pecuarista e criador de cavalos de raça reconhecido no estado do Pará, o empresário foi diretor de Agronegócios do Sindicato Rural de Castanhal por dez anos. 

Ele é dono de pelo menos outras duas fazendas no interior do Pará: a Alvorada e a Acatauassú II, ambas em Paragominas.

Em 2020, as fazendas Pau D’Arco e Alvorada novamente foram alvo de fiscalização do Ministério Público do Trabalho e da Auditoria Fiscal do Trabalho. Os auditores ouviram empregados e verificaram as condições de registro formal e meio ambiente de trabalho.

A procuradora do Ministério Público do Trabalho (MPT) Silvia Silva afirmou que as condições de trabalho nas propriedades de Ivandilson eram “dignas”, respeitavam a “legislação trabalhista” e garantiam “dignidade aos trabalhadores rurais”.

Morte de vaqueiro

Em 25 de junho de 2024, a Vara do Trabalho de Paragominas condenou Ivandilson a pagar R$ 50 mil em danos morais coletivos depois da morte de um vaqueiro.

O trabalhador morreu ao sofrer acidente com gado na Fazenda Alvorada. Segundo o processo judicial, Ivandilson descumpriu normas de saúde e segurança do trabalho para o exercício seguro da atividade de risco de manejo do gado.

Procurada pela reportagem, a defesa do produtor rural afirmou que o acidente foi uma “fatalidade”, que Ivandilson não poderia evitar.

Também segundo os advogados, o cliente “arcou com todas as despesas necessárias” para o funeral do funcionário.

Os negócios de Ivandilson

Atualmente, a Flamboyant opera em quatro estados da Região Norte: Pará, Amazonas, Amapá e Roraima.

Com sede em Castanhal, a empresa possui cerca de 500 funcionários. A marca tem se expandido para o Nordeste, onde já está ativa no Maranhão e no Piauí. Segundo o site oficial, a empresa está em prospecção para o Ceará.

Ivandilson também é sócio da filha Yasmin na 3Icy Participações LTDA., uma empresa definida como “holding de instituição financeira”. O negócio tem sede na Avenida Paulista, em São Paulo.

Yasmin também aparece como administradora da Gellar Ice Cream, em Castanhal.

Outro lado

Em nota à reportagem, os advogados de Ivandilson afirmaram que todos os processos por trabalho escravo contra o pecuarista foram encerrados e cumpridos.

A nota também esclarece que há treinamento de todos os empregados e que eles recebem e utilizam os equipamentos de proteção individual (EPI).

Apoie jornalismo preto e livre!

O funcionamento da nossa redação e a produção de conteúdos dependem do apoio de pessoas que acreditam no nosso trabalho. Boa parte da nossa renda é da arrecadação mensal de financiamento coletivo.

Todo o dinheiro que entra é importante e nos ajuda a manter o pagamento da equipe e dos colaboradores em dia, a financiar os deslocamentos para as coberturas, a adquirir novos equipamentos e a sonhar com projetos maiores para um trabalho cada vez melhor.

O resultado final é um jornalismo preto, livre e de qualidade.

  • Fernando Assunção

    Atua como repórter no Alma Preta Jornalismo e escreve sobre meio ambiente, cultura, violações a direitos humanos e comunidades tradicionais. Já atua em redações jornalísticas há mais de três anos e integrou a comunicação de festivais como Psica, Exú e Afromap.

Leia mais

PUBLICIDADE

Destaques

Cotidiano