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‘É a 1ª vez que estão nos ouvindo’: mães de jovens mortos por PMs em Bauru agradecem apoio de movimentos

Em coletiva de imprensa realizada em Bauru (SP), mães de dois jovens alvos de 27 tiros de fuzil de agentes do 13º Batalhão de Ações Especiais da Polícia Militar (BAEP) agradeceram apoio de entidades
Na foto, Nilcéia Alves (à direita), uma das mães atravessadas pela violência policial em Bauru (SP).

Foto: Reprodução / Guilherme Matos

24 de outubro de 2024

Na quarta-feira (23), Nilceia Alves Rodrigues e Maria Aparecida dos Santos, mães dos dois jovens mortos pela Polícia Militar do Estado de São Paulo (PMSP) em Bauru, no interior paulista, reuniram-se com o responsável pela Ouvidoria da corporação, Claudio Silva, na sede da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) do município. Guilherme Alves e Luis Silveira foram mortos por agentes do 13º Batalhão de Ações Especiais da PM (BAEP) na última quinta-feira (17).

Antes do evento, ambas se encontraram com o ouvidor durante uma escuta com a comunidade, que contou com representantes da Comissão de Igualdade Racial da OAB, entidades e movimentos de defesa dos direitos humanos e a presença da vereadora Estella Almagro (PT-SP).

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As familiares das vítimas não quiseram ser entrevistadas, mas escolheram dar uma declaração após a fala do ouvidor na coletiva de imprensa, na qual a Alma Preta esteve presente. Vestindo camisas estampadas com fotos dos filhos falecidos e amparadas por seus advogados, Nilceia e Maria Aparecida agradeceram o apoio recebido após as perdas.

“A gente começa a sentir um pouco de alívio perante tudo o que vivi de quinta-feira para cá. Temos uma resposta, alguém está nos ouvindo. Eu só espero que a justiça seja feita e que venha ser provada a inocência do Guilherme”, desabafou Nilceia, mãe de Guilherme, aos veículos presentes.

A matriarca da família Alves também é mãe de outros dois filhos, que foram agredidos por policiais durante uma invasão dos PMs ao velório de Guilherme, na semana passada. Um dos irmãos chegou a ser apreendido pelos agentes e foi liberado ao final do dia.

“Eu só espero a resposta da justiça. Temo pela minha integridade, a minha vida e a dos meus filhos, mas estou confiante que vai dar tudo certo. Vamos conseguir chegar onde precisa para que pessoas não venham a passar pelo que passei”, completou.

Maria Aparecida é mãe de Luís Silvestre da Silva Neto, a segunda vítima morta pelos agentes do 13º Batalhão de Ações Especiais da PM (BAEP) no dia 17 de outubro. Na coletiva, ela destacou que esta é a primeira vez em que está sendo ouvida e defendeu a inocência do filho.

“Estou atrás da justiça e da verdade. A verdade tem que aparecer. Essa é a primeira vez que estão nos ouvindo, e não pode continuar isso. Cada vez mais mães chorando, mais mães perdendo os filhos. Tem que ter um basta”, declarou.

Falta de políticas para a juventude periférica

A vereadora reeleita pela cidade de Bauru, Estella Almagro, também esteve presente nos encontros com a Ouvidoria da PMSP na quarta-feira (23). A parlamentar, conhecida por seu mandato popular e alinhado com a comunidade preta e periféricas da cidade, também comentou o caso.

Em entrevista à Alma Preta, Almagro denunciou a falta de políticas públicas municipais para preservar a vida da juventude negra bauruense e indica que seguirá acompanhando o caso. “A gente começa a discutir uma violência que já vem acontecendo há algum tempo”, comentou.

A parlamentar também destacou que o perfil dos óbitos ocasionados pela polícia é majoritariamente preto e periférico. Ela defende que cada instância possui seu papel estabelecido pelo pacto federativo, que devem ser seguidos. “Nós não temos pena de morte no Brasil, tem limites constitucionais. […] É o pacto federativo. Polícia militar prende, civil investiga, promotor denuncia e o juiz julga. O extermínio é crime”, aponta.

  • Verônica Serpa

    Graduanda de Jornalismo pela UNESP e caiçara do litoral norte de SP. Acredito na comunicação como forma de emancipação para populações tradicionais e marginalizadas. Apaixonada por fotografia, gastronomia e hip-hop.

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