A Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica) determinou um reajuste de 52% na tarifa de energia, da bandeira vermelha extra de consumo. O valor de cada 100 kWh consumido passa de R$ 6,24 para R$ 9,49. A partir do domingo, dia 4, a conta de luz no estado de São Paulo, por exemplo, terá um reajuste de 11,4% nos endereços residenciais.
Para a população negra, com renda média menor que a população branca, o peso da conta de luz na despesa mensal vai passar de 8,74% para 9,8%, considerando os dados de renda do IBGE. Já para as famílias brancas, o custo com a despesa de luz deve saltar de 4,64% para 5,17%.
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O ministro Bento Albuquerque (Minas e Energia) anunciou que o motivo dos reajustes no valor da bandeira e da tarifa é a crise hídrica, e que o governo teve que tomar medidas de controle do consumo.
“Só o uso consciente de água e energia irá reduzir consideravelmente a pressão sobre o sistema elétrico”, afirmou o ministro em pronunciamento na última segunda-feira (28).
De acordo com o consultor financeiro, Enzo Ribeiro, a tarifa de energia mais alta vai contribuir para ampliar a crise em outros setores da economia, principalmente as indústrias.
“A energia elétrica é considerada para as empresas como insumo básico. Este aumento entrará na lista de gastos que impedirão o seu crescimento, por conta do racionamento que terão que fazer”, acredita Ribeiro.
O consultor lembra, porém, que o impacto mais agudo será na vida das famílias, principalmente as mais pobres. “O número de desempregados aumentou bastante, ficando mais difícil cumprir com o pagamento das contas básicas de consumo que, por mais que se tenha estratégias dentro de casa, para economizar, será inevitável o aumento de inadimplentes”, aponta.
Segundo o portal Solstício Energia, entre maio e junho, foram reajustadas as tarifas em oito das 18 concessionárias de energia do Brasil, os aumentos variaram entre 4,04% e 9,95%.
Em todo país, cerca de 65% da energia gerada vem da matriz energética de hidrelétricas e quando a produção cai, por conta da falta de chuva, o custo para produzir energia em outros modelos de matriz energética aumenta. Apenas 6,9% da energia gerada no Brasil é de matriz eólica (vento) ou solar.
“A dificuldade que encontramos em investir em outras energias, fora a hidrelétrica, está relacionada diretamente a interesses políticos, pois dependemos de votação do governo, dificultando mais ainda o avanço em outras alternativas”, avalia o consultor financeiro Enzo Ribeiro.