Considerada a maior obra coletiva dentro do direito com traço racial, publicação reúne 23 artigos de advogados e advogadas negros
Texto: Guilherme Soares Dias | Edição: Nataly Simões | Imagem: Divulgação
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A “I Coletânea da Advocacia Negra Brasileira” foi lançada pela Escola Superior de Advocacia da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB ESA/SP) em agosto. Considerada a maior obra coletiva dentro do direito com traço racial, a coletânea reúne 23 artigos de advogados e advogadas negros. A publicação foi organizada pelo diretor da Educafro, Frei David, e coordenada pelo doutor em Direito Processual, Irapuã Santana.
A coletânea aborda vários aspectos da construção da negritude, como racismo religioso, política de cotas e autoimagem, além dos efeitos sobre o povo negro e sobre o país nas áreas do Direito, Sociologia e Ciências Sociais. Os textos falam ainda sobre representatividade, ações afirmativas dentro das organizações negras, a Lei Maria da Penha e seu aspecto racial, e direito penal.
De acordo com o coordenador, a criação da obra foi uma oportunidade de construção conjunta de uma publicação elaborada pela comunidade negra, em que muitos dos participantes escreveram pela primeira vez um texto acadêmico. “Desconstruímos os muros que limitavam esses talentos, lapidamos esses sonhos e transformamos em protagonistas pessoas que, até então, eram somente leitores e, neste momento, passam a ser produtores de conteúdo a ser refletido por quem está vindo. Foi um privilégio ter trabalhado e insistido tanto neste projeto. É um sonho se tornando realidade”, afirma Irapuã Santana.
O doutor em Direito Processual acrescenta que o objetivo é tornar as pessoas negras produtoras de conteúdos. “Há muita bibliografia no direito produzida por pessoas brancas. A ideia é ter pessoas negras refletidas nos problemas do racismo no Brasil”, comenta. Segundo Santana, a obra é um incentivo para que outros advogados e advogadas negros e mesmo os que estão na publicação produzam mais textos.