A Escolinha Maria Felipa, localizada em Salvador e considerada a primeira escola afro-brasileira do país, acaba de abrir as inscrições para a segunda edição do ciclo formativo AfroEducativa, uma iniciativa de formação pedagógica voltada para o ensino afrocentrado e indígena nas escolas brasileiras. As inscrições vão até o dia 20 de novembro e podem ser reaizadas pela plataforma Even3 (Clique aqui para se inscrever). O encontro acontece entre os dias 22 a 24 de novembro, das 19h às 21h, de forma virtual.
A formação conta com um time de especialistas e tem como objetivo o compartilhamento de mecanismos educacionais na elaboração de estratégias que garantam o ensino decolonial para estudantes da educação infantil e ensino fundamental, além do resgate de saberes ancestrais e da promoção de um currículo escolar plural e com saberes diversos. Para a idealizadora da Escolhinha Maria Felipa, Bárbara Carine, a ideia surgiu ao perceber a carência na formação das relações étnico-raciais para os profissionais dentro das instituições de ensino.
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“Existe uma lei que cria a obrigatoriedade legal da inserção da temática etnico-racial na educação escolar, as leis 10.639 de 2003 e a lei 11.645 de 2008, mas, mesmo assim o racismo brasileiro é tão estrutural que as universidades, ou seja os cursos de formação de professores e professoras, a pedagogia, licenciaturas, não contemplam ainda hoje essas leis, então a Maria Felipa se constituiu enquanto um espaço educacional emancipador, em todas as dimensões humanas e principalmente a partir do tensionamento das hierarquias racializadas no nosso país, formando seus profissionais internamente, porque nós sabíamos que essa formação não viria das instituições universitárias”, diz a educadora à Alma Preta Jornalismo.
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Além de Bárbara, que é doutora em ensino, filosofia e história das ciências, o encontro também terá como convidados a poeta e geógrafa brasileira, Márcia Kambeba, da etnia Omágua/Kambeba; e o escritor beninense e influenciador digital, Abiola Akandé Yayi. Os participantes vão trazer as configurações das perspectivas ancestrais e o rompimento com o epistemicídio na formação escolar, com os temas: “Culturas indígenas na escola básica: seremos conhecidos para sempre pelas pegadas que deixamos” e “O poder da ancestralidade africana na educação escolar”.
Segundo Bárbara Carine, a importância de uma educação afrocentrada e antirracista nas escolas contribuem para a formação de alunos e cidadãos empoderados e conscientes no combate ao racismo e as demais desigualdades.
“Não só empodera as crianças negras como faz com que crianças brancas percebam que o mundo não é só delas e que o outro é igualmente humano e isso é bom e saudável para todes”, pontua.
Realizada desde 2019, a formação AfroEducativa também tem o propósito de arrecadar recursos financeiros para a manutenção e continuidade da instituição, localizada na capital baiana. A Escolinha Maria Felipa atende até o segundo ano do ensino fundamental I e conta com um currículo escolar afrocentrado, antirracista, diverso e acessível, com ensino de Libras, Inglês e Português.
Além do ensino, a instituição também tem projetos sociais, como o projeto Adote um Educande, que surgiu em 2019 e oferece bolsas gratuitas para crianças negras e/ou indígenas em situação de vulnerabilidade socioeconômica. Atualmente, dez crianças são beneficiadas pela iniciativa, mantida por meio de doações de financiamento coletivo. Clique aqui e saiba mais sobre a Escolinha Maria Felipa.
Confira abaixo a programação completa da 2ª edição da AfroEducativa:
Dia: 22 de novembro (segunda-feira)
Horário: 19h às 21h
Tema: “A decolonialidade em afroperspectiva na construção de uma escola afroreferenciada”
Palestrante: Bárbara Carine Soares Pinheiro – mãe, mulher negra cis, nordestina, professora, escritora, empresária, formada em Química pela UFBA, mestre e doutora em Ensino de Química pela (UFBA/UEFS).
Dia: 23 de novembro (terça-feira)
Horário: 19h às 21h
Tema: “Culturas indígenas na escola básica: seremos conhecidos para sempre pelas pegadas que deixamos”
Palestrante: Márcia Kambeba – é uma poeta e geógrafa brasileira, de etnia Omágua/Kambeba, nasceu numa aldeia ticuna. Graduou-se em Geografia pela Universidade do Estado do Amazonas (UEA). Fez o mestrado na Universidade Federal do Amazonas e pesquisa o território e identidade da sua etnia.
Dia: 24 de novembro (quarta-feira)
Horário: 19h às 21h
Tema: “O poder da ancestralidade africana na educação escolar”
Palestrante: Abiola Akandé Yayi – De nacionalidade beninense, escritor, arquiteto, designer e influenciador digital. Mora no Brasil há mais de 10 anos. Tem pesquisado sobre a influência da ancestralidade africana na constituição da existência humana.