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Estudantes quilombolas denunciam racismo e omissão da UFPA em casos de discriminação

Em caso mais recente, estudante quilombola foi ofendida em mensagens feitas em grupo no WhatsApp
Imagem da entrada da Universidade Federal do Pará (UFPA). A instituição está sendo acusada de omissão por casos de racismo contra estudantes quilombolas dentro de seus campis.

Foto: Reprodução/UFPA

13 de dezembro de 2024

A Universidade Federal do Pará (UFPA) é alvo de denúncias de racismo e negligência institucional, após uma série de episódios de discriminação racial contra estudantes quilombolas. Na última semana, um caso envolvendo uma estudante quilombola de 37 anos, do curso de Letras, expôs a recorrência de agressões e a falta de resposta efetiva por parte da universidade.

A estudante, de uma comunidade quilombola do município de Acará, denunciou à Delegacia de Combate aos Crimes Discriminatórios e Homofóbicos (DCCDH) ter sido vítima de discriminação racial por parte de quatro colegas de curso. A informação é da Revista Cenarium Amazônia.

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No dia 10 de dezembro, mensagens ofensivas divulgadas no WhatsApp incluíam frases como: “Tem que discriminar mesmo” e “Ela tem que lembrar que, antes de ser quilombola, ela é um ser humano e bem vagabunda”. Nesta mensagem, a palavra quilombola aparece riscada. Um outro integrante ainda diz no grupo: “Pior que hoje, eu tava conversando no RU com alguém e ele disse em voz alta: o café tá caro igual os teus irmãos antes de assinar a lei áurea'”.

Segundo a vítima, a hostilidade foi motivada pela orientação de uma professora para que ela integrasse um grupo de trabalho acadêmico formado pelos denunciados. Desde seu ingresso na UFPA, a estudante relata sentir-se excluída e ignorada em atividades acadêmicas devido a origem quilombola.

O caso foi registrado como crime com base na Lei  7.716/1989 (Lei do Racismo) e está sob investigação policial. A estudante recebeu apoio psicológico da Superintendência de Assistência Estudantil (Saest), mas decidiu seguir com uma denúncia criminal e buscar reparação por danos morais.

Repercussão e mobilização

A UFPA é conhecida pelo Processo Seletivo Especial (PSE) Indígena e Quilombola e enfrenta críticas por sua postura diante de recorrentes denúncias de racismo. Organizações quilombolas condenaram os episódios e a omissão da instituição, acusando a universidade de não tomar medidas efetivas contra as agressões, o que contribui para a perpetuação do racismo institucional, levando estudantes a abandonar seus cursos.

“Essas denúncias sem respostas evidenciam a omissão e o descaso da instituição diante de diversos casos de racismo estrutural e estruturante que tem acontecido dentro da Universidade Federal do Pará”, diz Ailton Borges, comunicador da Coordenação Nacional de Articulação das Comunidades Negras Rurais Quilombolas (CONAQ), em publicação no Instagram da entidade.

“A negligência institucional, não apenas silencia as vozes dos estudantes quilombolas da Universidade Federal, ela legitima a violência ao não punir essas diversas agressões e violências de pessoas racistas. Não aceitaremos sermos silenciados”, completa Ailton.

Em resposta ao caso, o Diretório Central dos Estudantes (DCE) da UFPA publicou uma nota oficial repudiando o racismo e convocou um ato de solidariedade para a próxima segunda-feira (16). A manifestação começará na Associação de Discentes Quilombolas, com destino ao Instituto de Letras e Comunicação (ILC).

“O racismo, infelizmente, continua tentando barrar o acesso e permanência de pessoas negras em espaços que, historicamente, lhes foram negados. Mas deixamos claro: não vamos tolerar isso! A universidade é um espaço de todos e todas, e cabe a nós, enquanto comunidade acadêmica, lutar para que cada estudante se sinta respeitado e acolhido”, declarou o DCE em sua nota.


A Alma Preta procurou a UFPA para comentar o caso e informar quais providências serão tomadas, mas não obteve resposta até a publicação deste texto. O espaço segue aberto.

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  • Giovanne Ramos

    Jornalista multimídia formado pela UNESP. Atua com gestão e produção de conteúdos para redes sociais. Enxerga na comunicação um papel emancipatório quando exercida com responsabilidade, criticidade, paixão e representatividade.

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