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Financiamento de organizações negras como estratégia de equidade racial é tema de debate no GIFE 2025

No segundo dia de evento, atividade refletirá sobre os desafios enfrentados para captar recursos e quais os cenários que podem construir esperança
Painel durante o 13º Congresso do GIFE, Fortaleza, 8 de maio de 2025

Painel durante o 13º Congresso do GIFE, Fortaleza, 8 de maio de 2025

— Victor Oliveira/Alma Preta

8 de maio de 2025

O segundo dia do 13º Congresso do GIFE dá continuidade a reflexões fundamentais sobre inclusão e justiça social. Entre elas, o evento abre espaço para uma mesa fundamental para as organizações negras que buscam captar recursos, desenvolvimento institucional e sustentabilidade. Para complementar o debate, o objetivo é colocar a filantropia como um pilar desses desafios. 

A mesa em questão é a “Desconcentrar para quem? Organizações negras no centro das lutas e às margens dos recursos”, que procurou refletir sobre os desafios enfrentados pelas organizações negras, as possibilidades para financiadores e os caminhos para uma justiça reparatória, visando fortalecer o apoio às iniciativas que buscam mudanças coletivas.

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A equipe da Alma Preta esteve presente no encontro e acompanhou as intervenções dos participantes. Em uma delas, a diretora-executiva do Instituto Marielle Franco, Ligia Batista, reafirmou que as filantropia internacional e nacional precisam mostrar mais transparência. “Todas as organizações precisam apresentar relatórios, mas as mesmas filantropias não apresentam documentos”, disse. 

Para além da transparência fiscal, outro ponto que tem sido tocado pelos palestrantes é o dos objetivos das organizações filantrópicas. “Sem estratégia a longo prazo, não existe impacto. Os filantropos não podem mudar de estratégia a qualquer custo, pois trabalhamos com pessoas que correm risco de vida e fazem um trabalho fundamental. Se não houver mudanças concretas, vamos continuar sugando o gelo e não teremos transformações efetivas”, afirmou Ligia. 

Em complemento, Marcio Black, diretor do Instituto Beja, comentou que é fundamental que o dinheiro chegue às organizações negras. De acordo com ele, a presença de pessoas negras em cargos de liderança ainda é um obstáculo e que esse movimento seria importante para a descentralização de recursos. 

Para ilustrar este cenário a partir de dados, a Alma Preta consultou o último relatório do CENSO GIFE 2022-2023, o qual revela que caiu o número de organizações que declararam contar com a

presença de pessoas negras em seus conselhos deliberativos. Em 2020, eram 33 organizações (32%); em 2022, foram 27 (26%). Além disso, o mesmo relatório mostra que apenas 17% dos recursos geridos nos conselhos deliberativos são geridos por conselhos com a presença de negros ou indígenas. 

Em contraponto a esse cenário de exclusão, Vitor Hugo Neia, diretor-geral da Fundação Volkswagen, revelou que tem priorizado em editais a contemplação de organizações de mulheres negras, desburocratizado o processo de prestação de contas para facilitar o processo de impacto das organizações da ponta. “Entendo que é fundamental trazer este exemplo para gente refletir como esse modelo pode ser utilizado por outras organizações financiadoras”. 

O 13º Congresso do GIFE acontece na capital cearense e vai até esta sexta-feira (9), com o objetivo central de discutir a descentralização do poder, conhecimento e riqueza. Para saber mais informações, acesse o site oficial do evento. 

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  • Victor Oliveira

    Jornalista formado pela Unesp e pós-graduando em Jornalismo Digital. Atualmente é Gerente de Projetos da Alma Preta Jornalismo.

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