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Fogo Cruzado: Bahia registra média de duas chacinas policiais por mês

Entre julho e dezembro do ano passado, 60 pessoas foram mortas em decorrência de chacinas, sendo 45 destas em operações policiais

Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil

Foto: Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil

8 de fevereiro de 2023

Apontado como o estado mais letal do Nordeste, a Bahia registra uma média de duas chacinas policiais por mês, segundo dados inéditos coletados pelo Instituto Fogo Cruzado. Entre julho e dezembro do ano passado, foram registradas 18 chacinas em Salvador e região Metropolitana de Salvador (RMS), com 60 mortos e sete feridos. Do número total de chacinas, 13 ocorreram durante ações e operações policiais, com 45 mortos.

De acordo com o Fogo Cruzado, uma ocorrência é identificada como chacina quando há três ou mais mortos civis em uma mesma situação – mesmo que o motivo dos disparos seja outro, como: assalto, ataque, operação etc.

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Um dos casos destacados pelo Instituto se refere à Chacina do Cabula, que na última segunda-feira (6) completou oito anos sem respostas. O caso aconteceu em 2015, quando 12 jovens foram mortos durante uma emboscada policial no bairro do Cabula, região periférica de Salvador. As vítimas tinham entre 16 e 28 anos e seis pessoas ficaram feridas.

Leia mais: Chacina do Cabula: sete anos depois moradores ainda se sentem ameaçados

Conforme o levantamento, os homens representam a maioria das vítimas fatais em chacinas policiais. Dos 45 mortos, 44 eram homens e uma era mulher. Dessas ocorrências, um idoso foi morto. Sobre o perfil racial, quatro vítimas fatais eram negras, no entanto, a pesquisa aponta que não foi possível obter a identificação racial de 41 mortos, ou seja, mais da metade das vítimas.

À Alma Preta Jornalismo, a coordenadora regional na Bahia do Instituto Fogo Cruzado, Tailane Muniz, explica que os dados sobre o perfil das vítimas são coletados a partir de informações do aplicativo do Instituto e pela imprensa devido a falta de transparência do poder público. No entanto, destaca a necessidade de racializar as vítimas atingidas pela violência armada, sobretudo, para a elaboração de políticas públicas para proteção da população, sobretudo a população negra.

“A gente entende que essa racialização precisa partir da consciência do profissional da imprensa, da consciência da instituição que cuida da segurança pública e, consequentemente, das políticas públicas de proteção à população. É um dado determinante, sobretudo quando se fala em Bahia”, comenta a coordenadora Tailane Muniz.

Ao analisar as cidades com maior ocorrência de chacinas policiais, Salvador lidera com oito chacinas e 27 mortos. Em seguida, a cidade de Simões Filho, localizada na região Metropolitana, contabiliza três chacinas e 11 mortos. As cidades de Camaçari e Candeias contabilizaram uma chacina, com três mortos e quatro vítimas fatais, respectivamente.

Tiroteios

Desde julho do ano passado, a Bahia é monitorada pelo Instituto Fogo Cruzado, que coleta estatísticas sobre a violência armada em Salvador e Região Metropolitana. Só nos últimos seis meses de 2022, o Instituto Fogo Cruzado registrou mais de 700 tiroteios em Salvador e região Metropolitana, sendo que 244 tiroteios ocorreram durante operações policiais.

Do total de tiroteios, 499 pessoas foram mortas, sendo 134 vítimas fatais identificadas como negras e 27 como brancas. Considerando apenas operações policiais, 172 pessoas foram mortas, representando 34% dos mortos mapeados em toda Salvador e Região Metropolitana entre julho e dezembro de 2022.

Segundo Tailane Muniz, é preciso que o poder público invista em ferramentas para coleta de dados para elaboração de um plano de segurança eficiente e com transparência.

“Quando falta transparência, falta ferramenta de ação. Um planejamento público de segurança eficiente tem que ser baseado em dados. Sem dados, não pode haver um plano. É preciso revelar o que até hoje o Estado da Bahia quis ou quer esconder. A gente espera que essa nova gestão possa trazer um novo caminho do que foi traçado até aqui”, completa.

Leia também: Combate ao racismo: nova secretária de Igualdade Racial da Bahia apresenta propostas da gestão

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