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Em Franco da Rocha, uma em cada quatro famílias desalojadas não recebe auxílio-aluguel

Benefício seria liberado em caráter emergencial após 18 pessoas morrerem no deslizamento do dia 30 de janeiro; 315 foram cadastradas, porém, 76 ainda não receberam o dinheiro para alugar uma nova casa

 

Imagem I Juca Guimarães

Foto: Imagem I Juca Guimarães

21 de fevereiro de 2022

Em Franco da Rocha, por conta das piores chuvas dos últimos cem anos no final de janeiro, 18 pessoas morreram em deslizamento de encosta e centenas de famílias ficaram desabrigadas. Quase um mês após a tragédia, um quarto dessas pessoas que perderam suas casas ou estão com a moradia condenada, não receberam ainda a primeira parcela do auxílio-aluguel. Na região, estão acabando as opções de imóveis disponíveis para alugar e a tendência é que o valor da moradia fique mais caro. A casa que ela construiu foi demolida pela prefeitura.

De acordo com a prefeitura, foram cadastradas 315 famílias para receber o auxílio-aluguel e até agora, dia 21, foram pagas as primeiras parcelas para 76 famílias. Até a sexta-feira passada (18), eram 79 famílias sem casa e sem auxílio-aluguel.

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O valor do benefício é de R$608,94 por seis meses, com a possibilidade de renovação. A prefeitura diz que nem todos receberam porque “o processo demanda um tempo maior em alguns casos devido a entrega e análise documental completa”.

A tragédia atingiu a rua São Carlos, no Jardim Paulista, mas na cidade existem 300 áreas de risco de deslizamento de terra, que são monitoradas pela Defesa Civil de Franco da Rocha.

Na sexta-feira, um grupo de moradores de áreas de risco, que ficaram desabrigados pelos deslizamentos e que estão com as casas interditadas parcialmente pela prefeitura, fizeram um protesto exigindo um plano habitacional e soluções para o problema de moradia digna na cidade.

O chefe de gabinete do prefeito, Marcus Brandino, se reuniu com uma comissão de moradores e prometeu que as famílias não ficarão sem apoio do município. “As chuvas foram muito além do que se podia esperar, mas temos o compromisso de trabalhar para achar uma solução para o problema”, disse Brandino.

Entre os moradores de Franco da Rocha, a expectativa é grande para que as soluções sejam anunciadas em breve. “Anda não conseguimos uma resposta à altura das nossas necessidades. Ainda não sabemos o que vai acontecer com as pessoas que perderam suas casas na tragédia e na destruição das casas que não precisavam ser demolidas pela prefeitura na segunda passada”, pontua Stefanie Bertholini, moradora do bairro Vila Lemar e instrutora de yoga.

O morador Cosme Antônio, do jardim Paulista, participou da reunião e também espera que a prefeitura dê assistência aos desalojados. “Ficou certo que não vão demolir mais casas, a não ser que seja necessário, e que vão agilizar o pagamento do auxilio-aluguel”, comenta o motorista de aplicativo.

A prefeitura elaborou um projeto de lei criando um benefício de transferência temporária de renda, chamado ‘Força Franco’, que deve ser votado nesta terça-feira (22), na Câmara dos Vereadores. “É um benefício que pode ser acumulado com outros benefícios assistenciais e aposentadorias”, diz Brandino.

O novo programa deve, de acordo com a prefeitura, atender 3.500 famílias por um período de três meses, renováveis por mais três meses e o valor pode chegar a R$600. Além disso, a prefeitura pretende conceder uma isenção de até R$5 mil no IPTU para quem foi atingido pelas enchentes.

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Protesto de moradores em Franco da Rocha em 18 de fevereiro | Imagem: Juca Guimarães/Alma Preta Jornalismo

Sobre as famílias que estão sem casa para morar, a prefeitura respondeu que desde a tragédia foram acolhidas 23 famílias, com 77 pessoas, nos abrigos da cidade. Atualmente, quatro famílias, com 19 pessoas, estão no abrigo municipal.

Na reunião com os moradores, o representante da prefeitura revelou que seria necessário cerca de R$350 milhões, o equivalente a um ano inteiro de arrecadação, para realizar as obras de infraestrutura para impedir novos deslizamentos de terra. O valor de R$8 milhões prometido pelo governo estadual será usado, segundo a prefeitura, nas obras da rua São Carlos.

No próximo mês, será realizada uma nova reunião entre a prefeitura e os moradores para discutir estratégias para um plano habitacional e de recuperação dos bairros. Uma das ideias, propostas pelos moradores e o MLB (Movimento de Luta nos Bairros, Vilas e Favelas), é a criação de cooperativas para a construção de casas populares.

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