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Governo Bolsonaro poderia ter evitado no mínimo 120 mil mortes por Covid-19, diz estudo

Erros e negacionismo marcaram as ações de combate à pandemia; governo usou apenas 60% do orçamento disponível e não promoveu medidas de isolamento social

Texto: Juca Guimarães I Edição: Nadine Nascimento I Imagem: Fotos Públicas/Amazônia Real

Em cemitério, enterram mortos pela Covid-19

25 de junho de 2021

Cerca de 120 mil mortes poderiam ter sido evitadas no Brasil até março de 2021, se uma política efetiva de controle baseada em ações não farmacológicas tivesse sido implementada. Essa é uma das conclusões da pesquisa “Mortes Evitáveis por Covid-19 no Brasil”, lançada neste mês de junho, pelo Movimento Alerta – que contou com a participação da Anistia Internacional, a Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência, organizações de direitos humanos, e o apoio da Oxfam Brasil e do Idec (Instituto de Defesa do Consumidor). 

Ainda de acordo com o estudo, a cada dez reais que o governo federal tinha para gastar exclusivamente com medidas de combate à pandemia da Covid-19, em 2020, apenas seis reais foram investidos. Faltou incentivos para a pesquisa, desenvolvimento e produção de testes. Não houve também investimento na aquisição ou produção e distribuição de máscaras de boa qualidade. Sem contar as oportunidades para a compra de vacinas que foram menosprezadas.

O relatório do Grupo Alerta aponta que as decisões sobre o controle de portos, aeroportos e fronteiras, funcionamento de atividades econômicas e apoio financeiro a indivíduos e empresas foram incorretas e ambíguas. O levantamento também conclui que seria possível uma redução relativa de 40% na transmissão com a implementação de medidas mais restritivas.  

Para calcular as “mortes evitáveis”, o estudo leva em conta ações para evitar a contaminação e medidas para minimizar os danos em caso de adoecimento por Covid-19. Com a evolução da pandemia ficaram evidentes as lacunas na oferta de leitos e ventiladores e, ainda que menos divulgada na imprensa, a carência de profissionais de saúde especializados.

Em todos os estados do Brasil, o número de mortes por Covid-19 foi pelo menos 10% acima do esperado. Os estados em pior situação foram: Amazonas (84%), Rondônia (57%), Mato Grosso (42%), Acre e Ceará (40%), Goiás (39%) e Maranhão (38%).

Em estados com grandes populações, as mortes acima do esperado ficaram em torno de 20%: Rio de Janeiro (23%), São Paulo (20%), Pernambuco (26%), Bahia (23%) e Minas Gerais (23%).

Os dados também mostram que a rede pública de saúde foi a mais impactada pela pandemia. Cerca de 50% dos casos de pacientes na UTI ou com uso de ventilação mecânica foram atendidos pelo SUS, os hospitais particulares atenderam em torno de 24%.

Na rede pública, 66% dos pacientes eram negros ou indígenas e 33% eram brancos. Enquanto que nos hospitais privados, 58,8% dos atendidos eram brancos e 41,2% eram não-brancos. A taxa de letalidade pela Covid-19 também foi diferente em relação ao local de atendimento. Na rede privada foi de 28% e na rede pública de 42%. 

O estudo recomenda que para evitar mais mortes por conta da Covid-19 deve ser criada uma Frente Nacional de Enfrentamento à Pandemia, um plano de responsabilização e reparação, além de uma reestruturação no SUS para enfrentar as próximas pandemias.

No Senado Federal, foi aberta a CPI da Pandemia para investigar as medidas tomadas pelo governo e a responsabilidade pelas mais de 500 mil mortes até o momento.

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