A segunda edição do estudo “Custos da Violência Armada no Sistema Público de Saúde”, realizado pelo Instituto Sou da Paz, mostra que homens negros representam 89,6% das vitimas da violência armada e somam 57% das internações.
A pesquisa mostra os gastos do governo federal com internações hospitalares para o tratamento de vítimas de arma de fogo, uma das principais causas de mortalidade da população brasileira.
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Entre 2012 e 2021, o Brasil registrou uma média anual de 42 mil óbitos provocados por arma de fogo e o atendimento em hospitais ou unidades de saúde por ferimentos à bala somam quase 28 mil casos por ano.
Somente em 2022, foram registrados 17,1 mil internações para tratamento de ferimentos feitos por arma de fogo, meio utilizado para mais de 70% dos homicídios cometidos no Brasil, sobretudo de pessoas negras e jovens. Para esses atendimentos foram gastos cerca de R$ 41 milhões ao Sistema Único de Saúde (SUS). Não há informações desagregadas que permitam estimar custos de outros tipos de assistência que não passaram por internação.
Ainda segundo o estudo, cerca de 75% das internações feitas por arma de fogo em 2022 foram de maneira intencional, 17% acidental e 1,5% lesões autoprovocadas.
No Brasil, a taxa de mortalidade por arma de fogo é duas vezes maior que a de internação por ferimentos, o que indica intensa gravidade e lesões que levam à morte imediata ou que sofreram violência em um lugar, mas foram atendidos em outro, o que é comum em hospitais referência no pronto atendimento.
A taxa de internações é 69% maior do que a de óbitos por arma de fogo no Distrito Federal, 50% maior no Piauí e 22% maior no Acre. O índice de óbitos chega a ser mais de quatro vezes maior do que a de internações em Pernambuco, Mato Grosso e Goiás.
O valor médio de uma internação por arma de fogo é de 59% maior que a agressão por outros meios e duas vezes maior que aquelas provocadas por força corporal ou arma branca. Internações por arma custam 3,2 vezes que o gasto federal per capita com saúde.
Nas regiões Norte e Nordeste, os gastos apresentam 3,2% dos gastos com internações hospitalares por causas externas, proporção maior que a média nacional em 2022. A discrepância pode aumentar de acordo com a região.