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Pretxs: Bahia ganha app que reúne serviços e produtos de afroempreendedores

Inspirado no movimento Black Money, catálogo divulga serviços de gastronomia, atividades de arte e literatura, produtores de conteúdo racial e candomblecista

Texto: Dindara Ribeiro | Edição: Lenne Ferreira | Foto: Getty Images

Imagem mostra uma pessoa negra segurando um dispositivo eletrônico

Foto: Reprodução

4 de agosto de 2021

Com a proposta de fazer o dinheiro girar e ser sustentável nas mãos da comunidade negra, o aplicativo ‘Pretxs’ chega à Bahia com um catálogo que reúne serviços, atendimentos e atividades produzidas apenas por afroempreendedores e afroempreendedoras. A iniciativa é inspirada no movimento ‘Black Money’, voltado para a autonomia financeira e empreendedora do povo preto.

Por meio do aplicativo, os consumidores podem acessar diversos tipos de serviços oferecidos por afroempreendedores, como atividades de arte e cultura, gastronomia e comércio. Também é possível encontrar produtores de conteúdo negros, sites que abordam pautas raciais, terreiros de candomblé, livrarias e lojas de roupas e acessórios.

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PRETXSPágina inicial do aplicativo ‘Pretxs’ | Foto: Reprodução

“A intenção é promover uma imersão, uma experiência que envolve acesso a podcasts, canais no youtube, livros, gastronomia, serviços públicos, serviços profissionais, compra de produtos onde sempre se tenha como criador, produtor, prestador…um(a) empreendedor(a) negro(a). Assim, possibilitamos a circulação do capital entre nós, além de fortalecermos os elos dessa rede onde, felizmente, vem-se discutindo e criando caminhos efetivos de sustentabilidade para o povo negro”, diz o desenvolvedor do ‘Pretxs’, Arnaldo Almeida.

Conforme mostra a pesquisa “Afroempreendedorismo Brasil”, o afroempreendedorismo movimenta cerca de R$ 1,73 trilhão por ano no país e os negros compõem 51% dos empreendedores brasileiros. No entanto, a diferença da renda da população negra e da população branca é de 40%. De acordo com o levantamento, apesar da maioria dos afroempreendedores terem ensino superior completo, apenas 15,8% possuem renda familiar superior a seis salários mínimos, o que indica que a dificuldade financeira é o principal fator para a abertura de negócios pela comunidade negra.

Leia também: Plataforma reúne afro-empreendedores e empresas comandadas por pessoas negras do Brasil

O aplicativo é fruto de uma parceria com a Unegro, entidade antirracista que há 33 anos luta pelos diretos da população negra e pela diversidade. “A gente sabe que os empreendedores negros, principalmente as empreendedoras negras, têm dado um “boom” nessa questão de microempreendedor, de abrir o seu negócio… Porém, a gente também entende que o racismo nos dá barreiras: a falta de investimento governamental nesses empreendedores, a falta de crédito nos bancos, os aplicativos que estão aí também são racistas, não dão visibilidade aos pequenos empreendimentos… Então é um aplicativo para dialogar com a comunidade negra, para a gente fazer o black money girar. Só assim a gente enfrenta as barreiras do racismo”, destaca Marina Duarte, vice-presidenta da Unegro na Bahia.

Ao todo, 16 afroempreendimentos já integram o ‘Pretxs’. Entre eles está a loja Ofá Nish, do afroempreendedor Michel Pereira, que produz bonés com nomes e saudações aos orixás. Pensando também na utilização do acessório para os cabelos crespos, a marca adotou o modelo ‘Boni Black’, idealizado pela estilista Alice Pinto, que consiste em uma abertura na parte de trás dos bonés. A marca faz entrega para a Bahia e todo o Brasil. Para Michel, o aplicativo é importante pois é uma forma de contribuir na autoafirmação do povo negro que também empreende e tem o cuidado com a própria comunidade.

“Esse aplicativo vem para empoderar ainda mais a empreendedora, o empreendedor negro, de periferia, para que ele possa ter acesso muito mais rápido aos serviços, à cultura, ao empreendedorismo […] Quando eu começo a empreender e venho com esse nicho específico, eu quero encontrar meu povo, eu quero encontrar meu público. Então esse aplicativo vem para reforçar ainda mais que nós devemos estar, sim, linkados com propósito de crescer, de evoluir e de atingir os locais que nós temos que pertencer”, pontua o empreendedor.

OFA NISH galery“Devemos estar, sim, linkados com propósito de crescer, de evoluir e de atingir os locais que nós temos que pertencer”, diz o afroempreendedor Michel Pereira

O ‘Pretxs’ já está disponível nas lojas de aplicativo para aparelhos Android e iOS (iPhone). O app também disponibiliza espaços para cadastramento de anúncios e produtos/serviços de afroempreendedores, além de uma central de atendimento para sugestões, reclamações e dúvidas.

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  • Dindara Paz

    Baiana, jornalista e graduanda no bacharelado em Estudos de Gênero e Diversidade (UFBA). Me interesso por temáticas raciais, de gênero, justiça, comportamento e curiosidades. Curto séries documentais, livros de 'true crime' e música.

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