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Jogos educativos abordam autoaceitação da mulher negra

A ideia da produção é traduzir como o processo de valorização do público feminino negro é longo, necessário e constante
Imagem mostra mulher negra, personagem do jogo "Corage"

Foto: Foto: Divulgação

27 de setembro de 2023

Com o intuito de inserir mulheres negras e entender mais sobre a participação no mundo dos games, o Cinema Nosso, instituição sociocultural, promoveu a segunda edição do Games Jam Delas, evento de três dias para criar jogos a partir do olhar feminino e periférico das participantes.

Além das dificuldades do dia a dia, machismo, racismo e demais discriminações, o universo dos jogos é composto, majoritariamente, por homens, brancos e com condições de ter equipamentos que facilitam a jogabilidade de games dos mais variados temas.

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Pensando nisso, o jogo “Corage”, criado por mulheres negras durante o evento, debate a autoaceitação, autoestima e a compreensão da sua própria identidade mesmo quando o ambiente ao redor parece estar constantemente pronto para negá-las.

O game foi produzido por uma equipe 100% feminina e tem como protagonista Helena, uma jovem negra que tenta se reinventar no ambiente virtual, onde os caminhos para encontrar uma nova identidade são, teoricamente, mais fáceis e a personagem se distancia de seu verdadeiro “eu”.

Inicialmente, a figura controlada pelas jogadoras para encarar os labirintos do game é de uma mulher branca, mas, conforme Helena, protagonista do game, começa a pensar sobre a sua posição na sociedade, ela finalmente, se percebe como mulher negra, conclusão que reflete na jogabilidade de duas maneiras: as jogadoras passam a ver uma mulher negra e os obstáculos se tornam bem mais complexos.

Se entender no mundo

Outra produção que lida com a ideia de entender o seu espaço no mundo é a “Mundo Molda”, cuja história é de uma criança perdida em uma floresta, que não se reconhece naquele lugar, e ao se olhar, se vê sem forma. Uma das artistas e gamers designers do jogo, Emanuelly Araujo, destacou a importância de iniciativas como o Game Jam Delas.

“Eu entendo ser de extrema importância ter uma edição voltada para mulheres, porque o mundo de desenvolvimento de jogos ainda é muito masculino e predominantemente branco. Aqui, a gente encontra um espaço democrático para mulheres negras brilharem da mesma forma, além de termos a presença de mulheres trans também”, afirmou.

O Game Jam Delas se inspirou também na canção de Luedji Luna, “Um Corpo no Mundo”, a fim de propor uma discussão sobre a experiência de ser mulher, apresentar e explorar as dificuldades enfrentadas pelos corpos femininos, cis ou trans, em suas existências.  A iniciativa, além de oferecer oportunidades, também será base para uma pesquisa que visa entender a participação feminina no universo dos games.

Intitulada “Corpos femininos no mundo dos games”, o objetivo é levantar dados sobre a inserção e qualificação das pessoas no mercado de jogos brasileiros para contribuir com a equidade de gênero e raça no setor. Os jogos Corage e Mundo Molda já estão disponíveis para download.

  • Patricia Santos

    Jornalista, poeta, fotógrafa e vídeomaker. Moradora do Jardim São Luis, zona sul de São Paulo, apaixonada por conversas sobre territórios, arte periférica e séries investigativas.

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