Nas comunidades do Rio de Janeiro, o projeto “Mães & Mais” desenvolvido por profissionais da área da saúde e da educação, em sua maioria mulheres negras, já beneficiou mais de 1.000 famílias de 21 territórios diferentes em menos de três anos.
São realizados atendimentos médicos e ações educacionais voltadas para à saúde de mães de todas as idades e de crianças com até seis anos em situação de vulnerabilidade social.
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De acordo com Thais Ferreira, líder comunitária e empreendedora social, o principal objetivo da equipe formada por médicos de diferentes especialidades, fisioterapeutas, enfermeiros e psicólogos é educar as populações sobre os cuidados com a saúde.
“O analfabetismo em relação à saúde é um sério problema de saúde pública no Brasil. Desde pessoas que não conseguem ler uma receita ou não entendem o que foi falado na consulta médica até o desconhecimento sobre educação sexual e reprodutiva”, explica.
Para a líder comunitária e empreendedora social, os cuidados com a saúde das pessoas à margem da sociedade devem ser tratados como uma política de urgência.
“É necessário ir na raiz do problema e abrir espaço para a construção de novos arranjos sociais, que são extremamente necessários para o resgate da humanidade da população negra e periférica”, avalia.
Metodologia
A metodologia usada pelo projeto fundado por Thais Ferreira foi criada pelo próprio público alvo da iniciativa. “É uma maneira de garantir que quem passa pelo problema seja protagonista desde o processo de criação da solução”, afirma.
Os beneficiários chegaram ao consenso de que o projeto deve funcionar de duas formas: A primeira é chamada de ação social itinerante, onde a estrutura de atendimento é levada para as comunidades de acordo com as suas especificidades e necessidades.
Já a outra consiste em atendimentos particulares com os profissionais de saúde, que passam por treinamentos para a realização de um atendimento humanizado.
Falta de investimento
As ações sociais realizadas pelo projeto “Mães & Mais” não contam com o apoio do Estado. Para arcar com os custos, os profissionais cobram um valor simbólico pelo atendimento médico.
Segundo Thais Ferreira, a falta de investimento, no entanto, ainda é um dos desafios para que o projeto alcance mais pessoas. “A ideia é transformar nossas ações sociais em política pública para que todos sejam beneficiados. O fato de eu ser uma mulher negra, pobre e periférica torna mais difícil atrair investidores, mas sigo na luta”, complementa.