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Meninas negras têm um pior acesso a saúde sexual e reprodutiva, indica pesquisa

Conduzido pela professora da UFBA, Dandara Ramos, o estudo mostra que o acesso aos exames variam em cerca de 14% entre adolescentes brancas e negras

professora Dandara de Oliveira Ramos, do Instituto de Saúde Coletiva da Universidade Federal da Bahia (UFBA)

3 de janeiro de 2022

A cor da pele interfere não apenas no acesso ao exame pré-natal como também no tipo de parto realizado pelos médicos. É o que indica uma pesquisa realizada pela psicóloga Dandara de Oliveira Ramos, doutora em Saúde Coletiva e professora adjunta do Instituto de Saúde Coletiva da Universidade Federal da Bahia (UFBA).

De acordo com os dados preliminares do estudo, 64% das meninas brancas têm acesso adequado ao exame pré-natal, esse índice cai para 50% entre as meninas negras e 30% para as indígenas.

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Divulgado pelo jornal Folha de S.Paulo, a pesquisa de gravidez e maternidade na adolescência, que está em andamento, tem como principal desafio olhar a desigualdade racial no acesso à saúde. Segundo a professora, entre 2008 e 2019, há uma tendência de queda no número de bebês de meninas brancas e asiáticas, de 16%, em 2008, para 9% em 2019. Enquanto para as meninas negras há uma redução de apenas 3% e, para as indígenas, não há redução, mas aumento. 

A pesquisa mostra que 64% das meninas brancas adolescentes têm acesso ao pré-natal; para as meninas pretas esse índice cai para 50% e, para as indígenas, 30%. “Além disso, há uma indicação excessiva de cesárias sem necessidade, refletindo também nas diferentes raças”, disse a professora à Folha. 

O estudo expõe o impacto de políticas públicas em indicadores como gravidez precoce e violência, sem contar as meninas que ficaram grávidas e fizeram um aborto. Pode-se dizer que há uma relação direta entre violência sexual nessa faixa etária com a maternidade.

“Em relação à saúde infantil, um dos nossos objetivos é estudar os desfechos do nascimento, mas por enquanto estamos avaliando a incidência da maternidade em si”, explicou a professora. 

Para dar um exemplo de desigualdade no atendimento à saúde sexual e reprodutiva sofrida pelas pessoas pretas, Dandara contou que, quando nasceu, sua mãe estava em trabalho de parto, porém os médicos não quiseram atender dizendo que “com uma cintura dessas, um quadril desse tamanho, [ela] consegue fazer parto vaginal”.

“O preconceito, essa crença que a mulher negra suporta mais dor, está muito arraigado na história da ginecologia, quando mulheres negras eram usadas como cobaias”, afirmou. 

Ainda segundo a doutora, a pandemia da Covid-19 escancarou novos desafios referentes aos dados de desigualdades. Os indicadores de maternidade e mortalidade infantil apontam que o risco de morte na infância é três a quatro vezes maior para as crianças negras em relação às brancas, e isso mesmo quando se ajusta as métricas para indicadores socioeconômicos.

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