Em Bauru (SP), no interior paulista, Daniel Henrique da Silva, de 13 anos, foi gravemente ferido após uma granada explodir em sua mão, no bairro Jardim Ouro Verde, no último domingo (20). O objeto foi encontrado pelo jovem no sábado (19), depois que a Polícia Militar do Estado de São Paulo (PMSP) deflagrou uma ação no local. A vítima está internada no Hospital Estadual do município.
De acordo com os familiares, o menino passou por um procedimento cirúrgico para reconstrução do tecido de um dos dedos da mão esquerda, mas precisará amputar o membro.
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Em entrevista à TV TEM, Jéssica Letícia dos Santos, tia da vítima, informou que a seu sobrinho levou a granada para a brincar em casa após tê-la encontrado na Avenida Castello Branco. Após descobrirem, os pais chamaram a atenção da criança e esconderam o artefato, na intenção de devolvê-lo à polícia.
No entanto, o menino pegou o objeto novamente para mostrá-lo a uma vizinha, o que levou à explosão. Santos conta que o menino ainda tentou usar as mãos para conter os danos e proteger os irmãos mais novos, que o acompanhavam na brincadeira.
O boletim de ocorrência, ao qual a Alma Preta teve acesso, não informa o tipo da granada, classificando-a apenas como “artefato explosivo”. O documento também diz que ela foi encontrada pelo garoto no mesmo dia da manifestação. Em entrevista à TV TEM, a tia da vítima afirmou, porém, que Daniel só teria encontrado a granada no dia seguinte ao protesto.
Segundo nota da Secretaria de Segurança Pública (SSP) enviada à Alma Preta, o objeto foi encontrado pelo garoto no mesmo local onde houve uma ação policial de contenção de distúrbio na última sexta-feira (19). A ação referida ocorreu durante um protesto de moradores contra violência policial, após as mortes de dois jovens por agentes do 13º Batalhão de Ações Especiais da Polícia (BAEP) em suposto conflito.
A reportagem questionou a SSP se a granada pertence à PMSP, mas não obteve resposta sobre sua origem. A secretaria informou que um Inquérito Policial Militar (IPM) foi instaurado para averiguar “todas as situações do fato e tomar as medidas cabíveis”. O caso foi registrado como lesão corporal e explosão, e também está sendo investigado pelo 1º Distrito Policial de Bauru
População bauruense protesta contra a violência policial
Desde a última sexta-feira (19), a população se mobiliza contra a violência policial nos bairros periféricos da cidade de Bauru. O estopim para os protestos ocorreu após PMs invadirem o velório de Guilherme Alves Marques de Oliveira, de 18 anos.
O jovem é uma das vítimas mortas a tiros de fuzil pelo BAEP no dia 18 de outubro. Na ocasião, os agentes agrediram parentes enlutados e prenderam o irmão do morto, que foi solto no final do mesmo dia.
Duas mobilizações já ocorreram até o momento, em diferentes bairros do município. Outro protesto está marcado para ocorrer na próxima quarta-feira (23) em frente à Câmara Municipal de Bauru, no centro da cidade.
Leia a íntegra da nota da SSP recebida pela Alma Preta sobre o caso da granada:
“A Polícia Militar instaurou um Inquérito Policial Militar (IPM) para investigar todas as circunstâncias do fato e tomar as medidas cabíveis. O caso também é investigado pelo 1º Distrito Policial de Bauru.
Na tarde deste domingo (20), um menino de 13 anos ficou ferido após uma granada explodir em uma das mãos, dentro de sua residência, no Jardim Ouro Verde. Ele encontrou o artefato na sexta-feira (18), na Avenida Castelo Branco, onde ocorreu uma ação da PM para controle de distúrbio. O garoto foi socorrido e levado à Unidade de Pronto Atendimento (UPA). Exames periciais foram solicitados e o caso, registrado no plantão da Delegacia Seccional de Bauru como lesão corporal e explosão”.