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Meninos negros querem aprender a tratar meninas com respeito e igualdade, aponta pesquisa

Estudo mostra que 7 em cada 10 meninos negros, de 13 a 17 anos, querem desenvolver masculinidades saudáveis e aprender sobre relações baseadas no respeito e na igualdade
Imagem de dois meninos sentados um ao lado do outro. Pesquisa aponta que jovens negros querem aprender a tratar meninas com mais respeito e desenvolver masculinidade mais saudável.

Foto: Bravo Film Company

5 de novembro de 2024

Uma pesquisa nacional intitulada “Meninos: Sonhando os Homens do Futuro”, realizada pelo Instituto PDH/PapodeHomem com apoio da Natura, revelou que cerca de 7 em cada 10 meninos negros, entre 13 e 17 anos, querem aprender a tratar meninas e mulheres com respeito, igualdade e sem violência. 

Esse dado expressa um desejo genuíno desses adolescentes em se tornarem homens mais conscientes e revela também a necessidade de programas que promovam masculinidades saudáveis, especialmente entre os meninos negros. Ao todo, o projeto entrevistou mais de 2.500 jovens, incluindo 1.435 meninos negros, além de pais, mães e responsáveis.

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Outro dado relevante mostra que as meninas também querem que os meninos aprendam a lidar com as questões de gênero de forma mais consciente. Quando perguntadas se gostariam que os meninos fossem educados sobre o tratamento respeitoso e igualitário às mulheres, 96,8% das meninas respondentes, das 1.454 entrevistadas, responderam afirmativamente. 

Medo de acusações e desejo por novas perspectivas

A pesquisa traz outros dados reveladores sobre as preocupações que rondam os meninos negros, especialmente relacionadas ao medo de acusações injustas de assédio. Cerca de 70% dos adolescentes negros entrevistados afirmaram sentir esse receio em alguma medida, um sentimento também presente entre os homens negros adultos, com 61,66% relatando a mesma apreensão. Em resposta, metade dos meninos negros (52,54%) manifestou interesse em aprender a paquerar sem ultrapassar os limites do respeito, em busca de uma socialização mais saudável.

Para o psicólogo Marlon Nascimento, que trabalha com jovens negros e periféricos, o medo dos meninos negros de serem acusados de assédio está relacionado às dinâmicas das relações étnico-raciais no Brasil e à falta de orientação sobre o tema. 

“Esses dados mostram como a maioria dos meninos quer aprender a agir com respeito, igualdade e sem violência”, afirma. Ele acredita que a sociedade foca mais na punição do que em propor soluções, e que essa abordagem precisa ser reavaliada para que as dores dos meninos sejam acolhidas.

A importância de programas educativos

Nascimento defende que apontar erros sem oferecer alternativas práticas não é o suficiente. “Nossa sociedade foca muito mais em punição do que em proposição ou em entender de onde surgem essas dores e em acolher os meninos. Por isso, uma proposta como a do Programa Meninos do Futuro tem que ser valorizada”, conclui.

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  • Giovanne Ramos

    Jornalista multimídia formado pela UNESP. Atua com gestão e produção de conteúdos para redes sociais. Enxerga na comunicação um papel emancipatório quando exercida com responsabilidade, criticidade, paixão e representatividade.

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