PUBLICIDADE
PUBLICIDADE

Mercado Casarão recria experiência africana de desenvolvimento coletivo

Inspirado em história familiar e mercados de países africanos como Guiné, Benin e Camarões, o espaço promove o desenvolvimento de negócios para empreendedores negros no Rio de Janeiro

Família da dona Dida em frente ao Mercado Casarão, no Rio de Janeiro.

Foto: Imagem: Edu Bispo

28 de março de 2022

O Rio de Janeiro foi durante séculos uma das principais portas de entrada de pessoas escravizadas no Brasil, fato que faz da cidade um local expressivo para a preservação da ancestralidade africana. A cultura negra na capital fluminense ganhou em fevereiro deste ano um espaço nobre com o surgimento do Mercado Casarão, na Praça da Bandeira, na zona norte. O local foi idealizado pela família da matriarca Dida, com inspiração nos mercados tradicionais de Camarões, Benin e Guiné.

O mercado é um centro de cooperação e desenvolvimento de negócios para empreendedores afro-brasileiros com muito samba, produtos, livraria e comida saborosa.

Quer receber nossa newsletter?

Você encontrá as notícias mais relevantes sobre e para população negra. Fique por dentro do que está acontecendo!

“O espaço chega para complementar e ampliar a atuação do Dida Bar e Restaurante que, nascido em 2015, sempre compartilhou saberes e valores africanos através da gastronomia. Porém, com o passar dos anos, o restaurante passou a não dar conta de realizar e comunicar todas as atividades que pretendia. Assim, o bar se mudou em 2020 para um espaço maior, onde nasceu o objetivo de criar o Mercado Casarão”, conta Kanu Akin Trindade, um dos administradores do espaço ao lado de Dida Nascimento, Matheus Buka Trindade e Teka Nascimento.

A zona norte do Rio tem uma tradição de cultura, empreendedorismo e resistência negra que teve como auge o Renascença Clube, nos anos de 1970, no Andaraí. O clube foi criado em 1951 por pessoas negras da classe média que não eram aceitas em outras agremiações por conta da cor da pele. O “Rena”, como é até hoje chamado carinhosamente por seus fiéis frequentadores, se destacou pelos seus concursos de beleza nos anos de  1950 e 1960, além dos bailes black dos anos 1970.

A programação da Mercado Casarão conta com aulas de capoeira angola com o mestre Célio Gomes do grupo Aluandê, aulas de dança afro com Sabrina Sant’Ana, encontros literários com o projeto Encruza do Saber, serviço de beleza com cortes de cabelo e trancistas, Terapia Corporal Africana com a Nailê Bem-Estar, Kemetic Yoga com Ana Sou.

“O nosso sonho é dar continuidade ao crescimento, ousando e criando um mercado africano dos tempos modernos, um espaço aberto e de encruzilhadas, onde encontros sejam fomentados e a inovação tenha caminhos abertos para se desenvolver”, aposta Kanu.

O restaurante que deu origem ao espaço multicultural das tradições africanas também veio de um projeto de resgate da própria história da Dida Nascimento, como conta o Kanu.

“Nos anos de 1970, a dona Maria, mãe da Dida, montou um pequeno restaurante na Pavuna, era o bar da Tia Maria. A família se constitui nesse espaço, e o ambiente era embalado por rodas de capoeira, samba e outras manifestações culturais negras. Foi daí que saiu a ideia do Dida Bar e Restaurante, para reviver aquele tempo do bar da Pavuna com a missão de compartilhar saberes e valores africanos através da gastronomia”, diz Kanu.

Serviço:

O Mercado Casarão fica na Rua Barão de Iguatemi, 379, Praça da Bandeira, Rio de Janeiro, RJ.

Apoie jornalismo preto e livre!

O funcionamento da nossa redação e a produção de conteúdos dependem do apoio de pessoas que acreditam no nosso trabalho. Boa parte da nossa renda é da arrecadação mensal de financiamento coletivo.

Todo o dinheiro que entra é importante e nos ajuda a manter o pagamento da equipe e dos colaboradores em dia, a financiar os deslocamentos para as coberturas, a adquirir novos equipamentos e a sonhar com projetos maiores para um trabalho cada vez melhor.

O resultado final é um jornalismo preto, livre e de qualidade.

Leia Mais

PUBLICIDADE

Destaques

AudioVisual

Podcast

papo-preto-logo

Cotidiano