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Primeiro dia da remoção de famílias na Favela do Moinho é marcado por protestos e tensão com a PM

Operação do governo de SP para desocupar a área, que deve virar um parque, enfrenta resistência de moradores e presença ostensiva da polícia
Registro da Favela do Moinho, na terça-feira, 22 de abril, primeiro dia da remoção dos moradores locais.

Registro da Favela do Moinho, na terça-feira, 22 de abril, primeiro dia da remoção dos moradores locais.

— Reprodução/Kasa Invisivel

22 de abril de 2025

O governo de São Paulo iniciou, nesta terça-feira (22), a retirada das primeiras famílias da Favela do Moinho, nos Campos Elíseos, no centro da capital paulista. A operação marca o começo da desocupação da última favela da região central, com previsão de construção de um parque no local. 

Ao todo, 11 famílias deixaram a comunidade na primeira etapa da ação, segundo informações da Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano do Estado de São Paulo (CDHU).

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A área, que pertence à União, está em processo de cessão ao governo estadual. A transferência, no entanto, depende da garantia de moradia às famílias que vivem no local, segundo a Secretaria do Patrimônio da União.

Tensão e resistência na Favela do Moinho

O início da operação foi marcado por protestos e resistência. A Polícia Militar (PM-SP) cercou a comunidade desde as primeiras horas do dia, o que gerou tensão entre os moradores. Apenas após mais de três horas de negociação, os agentes da CDHU iniciaram a remoção das famílias que já haviam manifestado interesse em sair.

Moradores expressaram preocupação com o valor do auxílio-aluguel de R$ 800, considerado insuficiente para garantir moradia na mesma região. Também houve críticas à falta de garantias sobre o acesso a unidades habitacionais definitivas. Segundo o governo estadual, apenas 47 contratos estavam prontos para assinatura no primeiro dia de remoção. A informação é do portal g1.

Programas e promessa de reassentamento

De acordo com a CDHU, 716 das 820 famílias da favela foram cadastradas e teriam aderido voluntariamente ao plano habitacional. A gestão estadual promete entregar imóveis para reassentamento, sendo que 100 unidades já foram adquiridas e outras 340 estão em fase de contratação ou obras.

Para viabilizar a saída, o governo oferece auxílio-mudança de R$ 2.400, além do auxílio-aluguel de R$ 800, dividido igualmente entre governo estadual e prefeitura.

Conflitos e protestos anteriores

A remoção ocorre após semanas de tensão. Moradores organizaram manifestações contra a desocupação e a presença da PM na comunidade. Em episódios anteriores, agentes policiais foram acusados de uso de força, como lançamento de bombas de efeito moral e ações sem mandado judicial. Os protestos chegaram a interromper temporariamente a circulação de trens na Linha 8-Diamante, que passa ao lado da favela.

A comunidade do Moinho abriga também pequenos comércios e serviços que garantem a renda de diversas famílias. A previsão é de que até o final da semana sejam retiradas 80 famílias. A continuidade das remoções depende do avanço das negociações com os moradores e da finalização do processo de cessão da área por parte do governo federal.

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  • Giovanne Ramos

    Jornalista multimídia formado pela UNESP. Atua com gestão e produção de conteúdos para redes sociais. Enxerga na comunicação um papel emancipatório quando exercida com responsabilidade, criticidade, paixão e representatividade.

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